Departamento dos EUA nomeia conselheiro para investigar relação Trump-Rússia

Publicado em 17/05/2017 - 20:59 Por Paola De Orte - Correspondente da Agência Brasil - Washington

O vice procurador-geral dos Estados Unidos e chefe do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein, nomeou hoje (17) o ex-diretor do FBI, Robert Mueller, como conselheiro especial para supervisionar a investigação das tentativas do governo russo de influenciar o resultado das eleições presidenciais americanas de 2016.

Segundo Rosenstein, é do interesse público que se “coloque essa investigação sob a autoridade de uma pessoa que tenha um grau maior de independência do que a cadeia de comando normal”. Um conselheiro especial continuará respondendo ao Departamento de Justiça, e consequentemente, ao próprio presidente Trump, mas terá mais autonomia para conduzir as investigações.

Novo Watergate

Até mesmo congressistas do partido de Trump evitaram defender o presidente hoje. O senador republicano Lindsey Graham disse que ele tem que se afastar das investigações relacionadas à Rússia, enquanto o também senador John McCain afirmou que o caso já tomou as proporções de um Watergate, quando o então presidente Richard Nixon foi acusado de tentar acobertar uma invasão à sede do Partido Democrata e perseguiu os responsáveis pela investigação.

Parlamentares de oposição exigiram investigações independentes da possível relação Trump-Rússia. O deputado democrata Al Green pediu o impeachment do presidente por obstrução da justiça. Já o líder da Câmara dos Deputados, o republicano Paul Ryan, pediu para que os colegas aguardem as investigações.

Trump disse hoje, em uma reunião na Guarda Costeira, que nenhum político na história foi tão maltratado, “especialmente pela mídia”. Como consequência da crise política, a bolsa norte-americana fechou em queda. O índice Dow Jones caiu 1,7%, a maior queda dos últimos oito meses.

Envolvimento russo

O FBI (polícia federal americana) investiga se houve interferência da Rússia nas eleições dos EUA do ano passado e qual o envolvimento de membros do governo Trump, como seu ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, com oficiais do governo russo.

Há pouco mais de uma semana, Trump demitiu o diretor do FBI, James Comey, responsável pelas investigações. O jornal The New York Times publicou ontem que Trump teria pressionado Comey a abandonar as investigações sobre Flynn e o The Washington Post afirmou que o presidente teria revelado informações confidenciais ao ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, em uma reunião na semana passada.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse hoje que seu governo poderia fornecer ao Congresso norte-americano a transcrição da conversa, para provar que não foram reveladas informações secretas.

Edição: Augusto Queiroz

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