Líder do Parlamento venezuelano diz que Constituinte de Maduro "já nasceu morta"

"[O projeto] nasceu morto, porque nasceu com a má intenção de enganar

Publicado em 09/05/2017 - 12:58 Por Da Agência EFE - Caracas

Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela

Julio Borges (centro), presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, disse que a Constituintes convocada por Maduro é um engodo para enganar o povoAgência EFE/Miguel Gutierrez

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o deputado opositor Julio Borges, afirmou nesta terça-feira (9) que a convocação de uma Constituinte pelo presidente do país, Nicolás Maduro, já nasceu "morta" porque foi feita para enganar o povo. As informações são da agência EFE.

"[O projeto] nasceu morto, porque nasceu com a má intenção de enganar nosso povo. E nosso povo não é tolo, sabe que isso é um engano, que está desenhado para que Nicolás Maduro permaneça no poder", disse Borges em entrevista à emissora Televeem. Ele destacou que a convocação feita por Maduro não recebeu o apoio dos setores majoritários da sociedade venezuelana.

Reuniões

Apesar disso, a Comissão Presidencial para a Constituinte, criada por Maduro, tem se reunido com diferentes segmentos políticos e sociais para informar e debater sobre como serão escolhidos os representantes que trabalharão na redação da nova Constituição.

Os delegados presidenciais afirmaram ontem, em uma reunião com os partidos políticos, que um dos encontros só teve a presença de 17 das mais de 50 organizações que fazem parte da vida política na Venezuela. A aliança política Mesa da Unidade Democrática (MUD), a principal força de oposição a Maduro, também não compareceu ao evento.

Segundo Borges, essa constituinte não será formada por um processo eleitoral livre. "O governo escolherá quem representará os empresários, os setores religiosos, os estudantes. As pessoas não poderão votar. Será uma ferramenta para eles simplesmente permanecerem no poder", afirmou.

A Assembleia Nacional da Venezuela deve discutir hoje, com a presença dos deputados de oposição que compõe a maioria na casa, a "inconstitucionalidade" da convocação de Maduro.

No entanto, o efeito da discussão não terá influência no processo, já que o Legislativo permanece em situação de "desacato" por ordem do Tribunal Supremo de Justiça. Dessa forma, as decisões tomadas pelos deputados têm efeito nulo.

Edição: Graça Adjuto

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