Campanha pelo "não" ao aborto na Irlanda admite derrota em referendo

Publicado em 26/05/2018 - 09:00 Por Agência EFE - Dublin

A campanha do "não" à reforma da lei do aborto admitiu, neste sábado (26), a derrota no referendo realizado ontem, ao afirmar que o "sim" dos eleitores irlandeses "é uma tragédia de proporções históricas".

"O aborto era ruim ontem e segue sendo ruim hoje", declarou em comunicado Cora Sherlock, porta-voz da plataforma pró-vvida Save the Eighth, uns dos grupos mais visíveis durante a campanha dessa consulta.

Embora ainda não haja resultados oficiais, duas pesquisas feitas pela emissora pública RTE e o jornal Irish Times mostraram que o "sim" obteve cerca de 69% e 68%, números consideravelmente mais altos do que o esperado.

A ativista garantiu que seus integrantes se oporão à reforma da lei, proposta pelo governo do partido democrata-cristão Fine Gael, que poderia abrir a porta ao interrompimento de gestações sem restrições durante as primeiras 12 semanas e, em exceções, até as 24.

"É um dia muito triste para a Irlanda porque o povo votou a favor do aborto", disse Sherlock, enquanto continua hoje a apuração de votos do referendo.

O ministro de Saúde, Simon Harris, um dos principais defensores da mudança, disse que "hoje é um dia emocionante" para ele e para todas as mulheres do país que sofrem, sozinhas ou com seus companheiros, "crises durante a gestação".

"Ao invés de dizemos para pegar uma embarcação, agora damos as mãos e dizemos que cuidaremos delas", destacou Harris, em referência às milhares de mulheres do país que viajam todos os anos para o exterior para abortar, devido às restrições da legislação vigente, uma das mais duras da Europa.

O governo tinha pedido aos cidadãos que se pronunciassem sobre a eliminação da chamada "8ª emenda", incluída em 1983 na Constituição, que garante da mesma maneira o direito à vida do "não nascido" e da mãe.

De acordo com essa previsão, a lei promulgada em 2013, a primeira na história da Irlanda, só permite a interrupção da gravidez em circunstâncias excepcionais e prevê, além disso, penas de prisão de até 14 anos para as mulheres e os profissionais da saúde que façam esses procedimentos.

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