Tempestade de areia atinge relações da Arábia Saudita e Canadá

Publicado em 07/08/2018 - 18:49 Por Moisés Rabinovici* - São Paulo

Uma tempestade de areia do deserto saudita surpreendeu o Canadá. A fúria foi detonada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e derrubou as relações comerciais entre os dois países, suspendeu os voos de Ryad (Arábia Saudita) para Toronto (Canadá), vai ainda retirar 12 mil estudantes sauditas de universidades canadenses, pôs no limbo uma já encrencada encomenda militar de US$ 12 bilhões e provocou a ordem de retorno imediato ao reino do embaixador saudita em Ottawa.

Mas o que fez o Canadá? O governo canadense reclamou da prisão de alguns sauditas defensores de direitos humanos, incluindo a irmã do blogueiro Raif Badawi, que já estava preso e tem esposa e três filhos vivendo em Quebec (Canadá).

O governo saudita acusou o Canadá de “descarada interferência” nos assuntos internos do reino, violação de normas e protocolos internacionais, além de desrespeito à soberania da Arábia Saudita.

Do príncipe que permitiu que as sauditas dirijam carros e restaurou o cinema no reino, não se esperava essa exagerada reação. Mas seria justamente para poder prosseguir com as reformas que o príncipe teria detonado a tempestade do deserto contra o Canadá.

O maior absurdo tomou a forma de um tuíte disparado ontem (6) e logo depois retirado, com desculpas oficiais. Nele, um avião se aproxima de Toronto como aqueles outros dois que derrubaram as torres gêmeas de New York (Estados Unidos), em 2001, num plano do saudita Osama bin Laden, morto em 2011.

O texto da foto diz que “não se deve meter o nariz onde não é chamado”. E lembra um provérbio árabe: “Aquele que interfere com o que não lhe diz respeito acha o que não lhe agrada”.

*O jornalista Moisés Rabinovici é comentarista da Rádio Nacional e apresentador do programa Um Olhar sobre o Mundo, na TV Brasil.

Edição: Nádia Franco

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