Turquia espera inspecionar residência de cônsul saudita nesta quarta

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, afirmou que está prevista para esta quarta-feira uma inspeção na residência do cônsul da Arábia Saudita em Istambul, Mohammad Al Otaibi, como parte da investigação sobre o destino do jornalista saudita Jamal Khashoggi, desaparecido desde o dia 2 de outubro. Ele entrou no consulado saudita em Istambul para buscar documentos e não voltou.

"Esperamos que tanto a residência quanto os carros possam ser revistados hoje. Ontem não conseguimos. Disseram que a família do cônsul estava dentro [da residência], e por isso não conseguimos realizar a perícia ontem à noite", disse o ministro à emissora CNNTürk.

A equipe policial turca, que tinha revistado o consulado na última segunda-feira, esperou ontem à noite durante horas em frente à residência consular, mas teve que adiar a investigação.

O ministro fez essas declarações pouco depois de se reunir durante 35 minutos com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, no aeroporto de Ancara, momentos depois de o político americano ter se encontrado com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

"No encontro, Pompeo informou a Erdogan sobre suas reuniões em Riad [a capital da Arábia Saudita]. Disse que passou a mensagem de [o presidente dos EUA, Donald] Trump, no sentido de querer que tudo seja esclarecido", disse o ministro turco.

Mevlüt Çavusoglu confirmou também que o cônsul saudita, Mohammed Otaibi, deixou a Turquia ontem à tarde para voltar a Riad.

"O cônsul pode ir a seu país quando quiser. A Turquia não o expulsou. Depende totalmente dele quando retornar", ressaltou o chefe da diplomacia turca, embora tenha reconhecido que houve certas tensões durante a investigação no consulado.

O cônsul "teve uma atitude pouco séria que suscitou reações. Por exemplo, abria os armários e dizia: 'olhem [Khashoggi] não está aqui', como se quisesse nos fazer passar por ridículos", detalhou o ministro.

A respeito das especulações de que Khashoggi tenha sido assassinado no consulado, Mevlüt Çavusoglu negou-se a comentar os rumores surgidos na imprensa.

"Esperamos o final da investigação. Escreveram muitas coisas. Temos nossas informações, de fontes de inteligência, e uma equipe de 15 pessoas", disse o ministro turco.

Mevlüt Çavusoglu referiu-se assim a um dos pontos centrais da investigação, sobre uma delegação saudita que chegou a Istambul em dois aviões particulares e vários voos de carreira no dia em que Khashoggi desapareceu, e voltou a Riad naquela mesma noite.

Segundo dados policiais vazados à imprensa turca, nesta equipe viajava um médico legista militar da Arábia Saudita.

O jornal americano The New York Times, que na segunda-feira afirmou que Riad planeja reconhecer que Khashoggi morreu sob sua custódia em um interrogatório que saiu do controle, afirmou ontem que cinco desses supostos 15 envolvidos são próximos ao príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.