OIM: militarização de fronteiras não costuma dissuadir imigrantes

Publicado em 02/11/2018 - 14:54 Por Agência EFE - Genebra

Caravana de hondurenhos começa a entrar a à força no México, a partir da Guatemala
Caravana de hondurenhos - EFE/Esteban Biba/Direitos Reservados

O porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Joel Millman, afirmou nesta sexta-feira (2) que a militarização da fronteira com o México, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, possivelmente será pouco útil para dissuadir as caravanas de imigrantes que se dirigem para o país.

"Não temos como política comentar as decisões de um Estado-membro, seja ela qual for, mas o que estamos dizendo, repetidas vezes e no mundo todo, é que as barreiras e as fronteiras militarizadas não costumam dissuadir os que tentam atravessá-las", disse Millman.

O porta-voz deu a declaração ao ser perguntado, em entrevista coletiva, sobre o plano de Trump de enviar até 15 mil soldados para barrar as caravanas de imigrantes centro-americanos. Segundo ele, esse tipo de ação aumenta os lucros dos traficantes de pessoas e o número de mortos nas fronteiras.

Sobre a suposta "invasão", forma como Trump se referiu às caravanas, o porta-voz da OIM lembrou que atualmente elas estão "a milhares de quilômetros de distância" e que esse é um fenômeno recorrente.

"Esta e outras caravanas são um fenômeno que existe há muitos anos, pelo menos dez ou mais. Falar de invasão ou coisas assim implica assumir que este é um fenômeno novo e acho que ninguém na OIM compartilha dessa opinião", explicou o porta-voz.

Na mesma coletiva estava o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Babar Baloch. Questionado sobre a ameaça feita por Trump de que se uma pedra for lançada por um membro de uma caravana, ela poderá ser respondida com um disparo, ele lembrou que toda pessoa que foge do perigo tem o direito a ser recebida.

"Qualquer pessoa que fuja de um conflito, de uma perseguição ou que se sinta insegura em seu próprio país deve ter acesso ao território e a um procedimento de asilo, assim como a ser recebida humanamente e a ser tratada com justiça. Pedimos humanidade e que esta discussão seja afastada da política", respondeu o porta-voz.

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