ONU pede fim de atividade militar perto de usina nuclear na Ucrânia

Apelo foi feito pelo secretário-geral da organização

Publicado em 11/08/2022 - 09:59 Por Wendell Roelf e Tom Balmforth - Repórteres da Reuters* - Genebra e Kiev

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu nesta quinta-feira (11) o fim imediato das atividades militares perto da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, a maior da Europa.

"Peço às forças militares da Federação Russa e da Ucrânia que cessem imediatamente todas as atividades militares nas imediações da usina e não alvejem suas instalações ou arredores", disse ele em comunicado.

Crimeia

Imagens de satélite apresentadas hoje mostram devastação em uma base aérea russa na Crimeia, atingida em ataque. As imagens indicam que Kiev pode ter obtido nova capacidade de ataque de longo alcance, com potencial para mudar o curso da guerra.

Divulgadas pela empresa independente de satélites Planet Labs, as imagens reproduzem três crateras quase idênticas, onde edifícios na base aérea russa de Saki foram atingidos com aparente precisão. A base, na costa sudoeste da Crimeia, sofreu grandes danos causados ​​pelo fogo, com as carcaças queimadas de pelo menos oito aviões de guerra. 

A Rússia negou que as aeronaves tenham sido danificadas e disse que as explosões vistas na base, na terça-feira, foram acidentais.

A Ucrânia não reivindicou a responsabilidade pelo ataque, nem disse exatamente como ocorreu.

"Oficialmente, não estamos confirmando ou negando nada; existem vários cenários para o que pode ter acontecido, considerando vários epicentros de explosões exatamente ao mesmo tempo", afirmou o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak à Reuters em  mensagem.

Especialistas militares ocidentais disseram que a escala dos danos e a aparente precisão do ataque sugerem nova e poderosa capacidade, com implicações potencialmente importantes.

A Rússia, que anexou a Crimeia em 2014, usa a península como base para sua frota no Mar Negro e como principal rota de abastecimento para as forças invasoras que ocupam o Sul da Ucrânia, onde Kiev planeja uma contraofensiva nas próximas semanas.

"Não sou analista de inteligência, mas não parece bom", escreveu no Twitter Mark Hertling, ex-comandante das forças terrestres dos Estados Unidos na Europa, junto a uma imagem da devastação na base russa.

"Eu sou. É muito bom", respondeu o general norte-americano da reserva Michael Hayden, ex-chefe dos serviços de espionagem da CIA e da Agência de Segurança Nacional.

O Instituto para o Estudo da Guerra disse que as autoridades ucranianas estão enquadrando o ataque na Crimeia como "o início da contraofensiva da Ucrânia no Sul, sugerindo que os militares ucranianos esperam intensos combates em agosto e setembro, que podem decidir o resultado da próxima fase da guerra".

A forma exata como o ataque foi realizado continua um mistério. Algumas autoridades ucranianas foram citadas, sugerindo que pode ter sido sabotagem por infiltrados. Mas as crateras de impacto quase idênticas e as explosões simultâneas parecem indicar que se tratou de uma saraivada de armas capazes de escapar das defesas russas.

A base está muito além do alcance de foguetes avançados que os países ocidentais reconhecem ter enviado para a Ucrânia até agora, mas dentro das versões mais poderosas que Kiev buscava. A Ucrânia também tem mísseis antinavio que, teoricamente, poderiam ser usados ​​para atingir alvos em terra.

A Ucrânia expulsou as forças russas da capital Kiev, em março, e dos arredores da segunda maior cidade, Kharkiv, em maio. A Rússia então capturou mais território no Leste, em grandes batalhas que mataram milhares de soldados de ambos os lados em junho.

Desde então, as linhas de frente estão praticamente estáticas, mas Kiev diz que está preparando grande esforço para recapturar as regiões sul de Kherson e Zaporizhzhia, a principal fatia de território ocupada desde a invasão de 24 de fevereiro.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Últimas notícias