Chile: Boric promete novo processo constituinte após não em referendo
O presidente chileno, Gabriel Boric, prometeu lançar de forma acelerada novo processo constituinte, após um referendo ter rejeitado, com margem de quase 12 pontos percentuais, a nova Constituição do país.
Em pronunciamento pela televisão nesse domingo (4), Boric pediu a todos os chilenos que "se debrucem em conjunto e na construção do futuro".
O chefe de Estado confirmou que convocou os líderes do Congresso e representantes da sociedade civil para uma reunião, hoje, na residência presidencial La Moneda.
"Quando agimos em unidade realçamos o melhor de nós mesmos", disse Boric.
"Estou empenhado em fazer tudo para construir, juntamente com o Congresso e a sociedade civil, um novo caminho constituinte", afirmou o presidente. "O povo do Chile falou de forma clara e forte".
Com cerca de 96% dos votos apurados, o não ganhou por quase 12 pontos, obtendo 61,9% contra 38,1% do sim. O referendo obrigatório, em que participou cerca de 70% da população, provocou forte afluência às urnas, com longas filas nos postos de votação.
O não venceu em todas as 16 regiões do país, incluindo a que abrange a capital e a região costeira de Valparaíso, tendo obtido mais de 70% em várias regiões do centro-sul do Chile. O sim só venceu entre as comunidades chilenas no estrangeiro.
"Estamos consolidando a grande maioria de chilenos que viu a rejeição como caminho de esperança", disse Carlos Salinas, porta-voz da campanha contra a nova Constituição. "Queremos dizer ao governo do presidente Gabriel Boric que hoje ele deve ser o presidente de todos os chilenos e, juntos, temos que seguir".
"Os chilenos exigiram nova oportunidade de nos encontrarmos e temos de estar à altura dessa chamada", destacou Boric.
Antes do referendo, o presidente já tinha anunciado que iria convocar um novo processo constitucional e que seria cumprido o mandato do referendo de outubro de 2020, no qual quase 80% dos chilenos pediram mudança constitucional.
Os porta-vozes da campanha a favor da nova Constituição já reconheceram a derrota, mas também se comprometeram a continuar a trabalhar na reforma constitucional, defendendo que a população quer abandonar o texto atual, herdado da ditadura (1973-1990).
"Foi um dia histórico que valorizamos muito porque fortalece a nossa democracia. Os cidadãos decidiram rejeitar o texto proposto pela convenção constitucional. Reconhecemos o resultado e ouvimos com humildade", disse Vlado Mirosevic.
Outra porta-voz, Karol Cariola, deputada do Partido Comunista, garantiu empenho "em gerar as condições necessárias para canalizar efetivamente a vontade popular e construir caminho" para uma nova Constituição.
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