Esboço de acordo climático da COP27 mantém limite de 1,5°C
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, insistiu aos governos de todo o mundo para "manter e cumprir" um forte acordo climático na cúpula COP27 no Egito nesta quinta-feira (17), enquanto os negociadores permanecem distantes em questões importantes, um dia antes do prazo final para se chegar a um acordo.
A conferência de duas semanas na cidade litorânea de Sharm el-Sheikh é um teste da determinação global para combater as mudanças climáticas, enquanto governos de todo o mundo são atingidos por crises que vão desde uma guerra terrestre na Europa até custos de consumo altíssimos.
"As emissões globais estão em seu nível mais alto da história e aumentando. Os impactos climáticos estão crescendo e dizimando economias e sociedades. Sabemos o que precisamos fazer e temos as ferramentas e recursos para fazê-lo", disse Guterres na conferência.
"Estou aqui para apelar a todas as partes para enfrentar este momento e confrontar o maior desafio que a humanidade enfrenta. O mundo está assistindo e tem uma mensagem simples: resista e cumpra."
O primeiro esboço de um acordo que está sendo discutido na Conferência do Clima, a COP27, no Egito, manterá a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas deixa muitas questões controversas sem solução, antes do prazo desta sexta-feira.
O presidente da COP27, Sameh Shoukry, pediu aos negociadores que superem as diferenças, enquanto os países pobres classificaram o esboço como pouco ambicioso por não abordar a necessidade de dinheiro para lidar com os danos já causados por tempestades, secas e inundações gerados pelo clima.
"O tempo não está do nosso lado, vamos nos unir agora e entregar até sexta-feira", disse Shoukry, em carta aos delegados publicada nesta quinta (17).
O esboço, de 20 páginas, para um esperado acordo final repete a meta do Pacto Climático de Glasgow do ano passado, de limitar o aquecimento a 1,5°C e "saúda" o fato de que os delegados começaram pela primeira vez discussões sobre o lançamento de um possível fundo de perdas e danos para países devastados por impactos climáticos.
Destacando as frustrações com as negociações até agora, uma delegação formada pelo Reino Unido, a União Europeia e o Canadá se reuniu com o presidente da COP27 para alertar sobre as lacunas nos atuais textos de negociação e manifestar sua posição de que as discussões não podem fracassar.
Países vulneráveis ao clima, incluindo pequenas nações insulares, disseram que, embora o esboço do acordo mencione perdas e danos, ele não inclui detalhes para o lançamento de um fundo, uma demanda importante nas negociações que os delegados temem que possa impedir o acordo final.
Durante anos, os países ricos resistiram a um fundo de perdas e danos, por medo de que isso pudesse abrir uma responsabilidade financeira sem fim, por sua contribuição histórica para a mudança climática.
“Qualquer coisa menos do que estabelecer um fundo para perdas e danos nesta COP é uma traição às pessoas que estão trabalhando tão duro para limpar este ambiente e às pessoas que lutam pela humanidade”, disse Molwyn Joseph, ministro do Meio Ambiente de Antígua e Barbuda.
O esboço também repete o pedido do acordo de Glasgow para que os países acelerem as medidas de redução gradual da energia a carvão, apesar de uma proposta da Índia e da União Europeia de expandir o requisito para todos os combustíveis fósseis.
O texto destaca "a importância de unir esforços em todos os níveis para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris, de uma média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais."
As temperaturas já aumentaram 1,1°C e a projeção é de que ultrapassem 1,5°C sem cortes rápidos e profundos nas emissões nesta década.
(Reportagem adicional de Dominic Evans, Valerie Volcovici, Kate Abnett, Gloria Dickie e Simon Jessop)
Matéria ampliada às 15h42 para inclusão dos quatro primeiros parágrafos
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