logo Agência Brasil
Internacional

Hamas frisa que desarmamento "está fora de questão"

Entrega das armas é uma das condições para encerrar a guerra
Graça Andrade Ramos - RTP*
Publicado em 11/10/2025 - 13:10
Lisboa
GAZA CITY, GAZA - OCTOBER 11: Palestinian police resume their duties to maintain security and regulate traffic across Gaza City, Gaza, following the ceasefire, on October 11, 2025. A Gaza ceasefire agreement was reached between Israel and Hamas early Thursday in Egypt’s Red Sea city of Sharm el-Sheikh, mediated by guarantor states Qatar, Egypt, the US and Turkiye. Hamza Z. H. Qraiqea / AnadoluNo Use USA No use UK No use Canada No use France No use Japan No use Italy No use Australia No use Spain No use Belgium No use Korea No use South Africa No use Hong Kong No use New Zealand No use Turkey
© Reuters/Hamza Z. H. Qraiqea/Proibida reprodução
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O desarmamento é uma das questões que gera mais obstáculos e resistência, por parte do Hamas, ao plano de paz para Gaza, proposto por Donald Trump. Entregar as armas está fora de questão e essa decisão é "inegociável".

O presidente norte-americano incluiu o desarmamento do grupo como uma das condições para encerrar a guerra que dura dois anos no enclave, mas os islamitas palestinianos têm vindo a alertar que nunca aceitarão desarmar-se, invocando o direito dos palestinianos a defender-se.

Este sábado, sob anonimato, um alto funcionário do Hamas voltou a repetir à Agência France Press que "a proposta de entrega de armas está fora de questão e não é negociável".

A pressão do Hamas já teve resposta israelense.

Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, garantiu sexta-feira que o exército israelense, que está recuando em cumprimento do acordo, está "bem preparado para regressar ao combate" e combater o Hamas se o grupo militante mantiver o controle de Gaza após o fim da guerra.

Caso seja o único a desarmar, o grupo islamita palestino poderá ficar vulnerável, não só a ataques de Israel, como a eventuais represálias de outros grupos do enclave que até agora têm conseguido dominar pela força.

No dia 3 de outubro, em Khan Younis, combatentes do Hamas envolveram-se em combates com clã al-Mujaida, uma das maiores famílias do sul da Faixa de Gaza. O ataque dos militantes foi repelido com ajuda de tropas israelense.

A eclosão de um autêntico caos armado na Faixa de Gaza é um dos maiores receios dos analistas.

Para tentar evitar esse cenário, o plano de paz apresentado por Trump, que teve o apoio dos países árabes e muçulmanos da região, prevê que a Faixa de Gaza seja administrada por um governo de transição até que a Autoridade Palestiniana conclua o seu "programa de reformas" e "possa retomar o controlo de Gaza de forma segura e eficaz".

O Hamas, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina rejeitaram, numa declaração conjunta publicada esta sexta-feira, qualquer "tutela estrangeira" sobre Gaza, sublinhando que a sua governação é uma questão puramente interna da Palestina.

Expressaram também a sua disponibilidade para beneficiar da participação árabe e internacional na reconstrução do enclave.

O cessar-fogo acordado por Israel e pelo Hamas entrou em vigor esta sexta-feira. Desde então, mais de 500.000 pessoas regressaram ao norte do enclave, em busca das suas casas, referiu este sábado a Defesa Civil do enclave.  maioria encontrou apenas escombros.

*É proibida a reprodução deste conteúdo