CPI da Petrobras vai ao Rio e constata atraso nas obras do complexo petroquímico

Publicado em 08/05/2015 - 15:54 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Atualizado em 08/05/2015 - 18:37

As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, região metropolitana da capital fluminense, estão muito atrasadas, segundo deputados federais da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga irregularidades na Petrobras. Dos nove integrantes da CPI, seis participaram, na manhã desta sexta-feira (8), da visita técnica ao local, que incluiu passeio pela área do Trem 1 – primeira etapa do projeto – e uma explanação dos técnicos responsáveis pela obra.

De acordo com o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), as obras, inicialmentre previstas para serem concluídas em 2012, só ficarão prontas em 2017. “Cerca de 83% das obras estão concluídas, mas não vimos muito movimento de obra. Eles estão com sérios problemas de contratação, em função das empresas do Lava Jato”, declarou. Segundo ele, a obra está em uma fase extremamente sofisticada, tecnicamente, que demora mais tempo. "Tem aí pela frente uns dois anos de obras complexas para refinar o primeiro barril de petróleo.”

Leite criticou o alto valor estimado da obra, que, para ele, é fruto da falta de planejamento. “Há dez anos, essa obra custaria US$ 6 bilhões, agora estimam-se gastos de cerca US$ 30 bilhões, e apenas 165 mil barris de petróleo serão refinados aqui, [enquanto] a ideia original era muito mais. Não dá lucro; daria se estivesse tudo pronto, e não há chance de as outras unidades estarem prontas como a petroquímica e o outro trem”, completou.

Para o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), conversar in loco com as pessoas envolvidas diretamente na construção foi importante para se ter uma real noção do andamento das obras. “Percebemos que, de fato, a obra no interior da refinaria está bastante avançada, mas está claro que ainda não existe previsão para conclusão das obras. É preciso ainda fazer novas licitações, pois empresas se retiraram da obra, porque não tinham condições de continuar ou por estarem envolvidas na questão da Lava Jato.”

A CPI agora vai analisar o relatório recebido da diretoria da Petrobras, com base no que os parlamentares viram no Comperj. A comissão aguarda o Plano de Negócios da companhia, que vai apresentar, na segunda semana de junho, a previsão de investimentos da companhia para o período entre 2015 e 2019.

Também participaram da visita os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Luiz Sérgio (PT-RJ) e Altineu Côrtes (PR-RJ).

A Petrobras informou, em nota que, que em 2010 foi aprovada a implantação do Comperj - Refinaria Trem 1, com capacidade de processamento de 165 mil barris de petróleo por dia e investimento previsto de US$ 8 bilhões. "Atualmente, conforme Plano de Negócios e Gestão 2014-1018, o primeiro trem de refino do Comperj está com 82,9% de avanço físico realizado [referência março de 2014] e investimento previsto de US$ 13,5 bilhões.

A estatal informou que está revisando o planejamento para este ano e implementando uma série de ações voltadas à preservação do caixa, para viabilizar investimentos sem a necessidade de fazer novas captações.

A empresa destacou ainda que está reavaliando o crescimento do mercado interno de derivados com a perspectiva de que a demanda possa ser atendida pelo rearranjo do sistema de processamento das refinarias existentes, levando em conta também eventuais ajustes na implantação do Comperj.

*Matéria alterada às 18h37 do dia 08/05/2015 para incluir a posição da Petrobras.

Edição: Stênio Ribeiro

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