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Política

Relator descarta qualquer concessão para aprovar PEC da Maioridade Penal

Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Publicada em 30/06/2015 - 11:52
Brasília

© Antonio Cruz/Agência Brasil

A expectativa na Câmara, hoje (30), é de uma sessão plenária tumultuada durante a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 171/93) que trata da redução da maioridade penal, com a presença de manifestantes liberada pela presidência da Câmara. O presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deve distribuir senhas para os partidos horas antes da sessão. As legendas partidárias poderão entregar essas senhas para que movimentos favoráveis e contrários à mudança no Código Penal acompanhem decisão dos parlamentares. Desde o início da tramitação da PEC, o clima tem sido de confronto entre manifestantes e deputados favoráveis e contrários à redução da maioridade.

O relator da comissão especial sobre maioridade penal, deputado Laerte Bessa, durante discussão e votação da PEC 171/93 que reduz a maioridade de 18 para 16 anos (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Bessa acredita na aprovação da matéria em plenário, mesmo com a pressão de manifestantesFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O relator da matéria, Laerte Bessa (PR-DF), sabe que partidos críticos da proposta de diminuir a maioridade de 18 para 16 anos nos casos de crimes hediondos, homicídio e roubo qualificado, tentarão obstruir e impedir que a PEC seja votada. Ainda assim, adiantou que não pretende fazer concessões em seu relatório.

"A expectativa é repetir o que aconteceu na comissão especial. Não tem negociação alguma porque 90% das pessoas clamam por essa decisão. Entendo que o cidadão de 16 anos a 18 anos é um cidadão completo que tem que responder por seus atos”, defende Bessa.

Ele acrescentou que não acredita que a presença dos manifestantes possa sensibilizar alguns parlamentares durante a sessão. A expectativa de Bessa é de que a matéria obtenha os 308 votos necessários para que seja enviada à análise do Senado Federal. “[A presença dos manifestantes] pode atrapalhar o andamento, mas não tenho medo de mudança de posição dos parlamentares”.

A PEC é o principal assunto da semana na Câmara e tem mobilizado toda a Esplanada dos Ministérios. O tema acabou mudando o local da reunião de líderes da base aliada, que, hoje, trocaram a sala do Congresso por outra, no Ministério da Justiça, para discutir o tema com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A base governista só deve voltar para a Câmara na hora das últimas negociações sobre a pauta, na reunião de 15h de Eduardo Cunha com todos os líderes partidários.

Cardozo também deve ir ao Congresso à tarde para debater a redução da maioridade, em audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros e Pobres. No Salão Verde, o ministro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Pepe Vargas, a consultora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Casimira Benge e representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) marcaram uma coletiva para tentar convencer os deputados que ainda estão indecisos.

No gramado do Congresso, manifestantes contrários e favoráveis à mudança do Código Penal estão acampados e promovem uma série de atos.

Um vídeo lançado pelo Unicef faz um alerta contra a redução da maioridade penal. Para a organização, a sociedade está preocupada com a violência, mas culpar os adolescentes não é a solução do problema. O vídeo faz parte de uma campanha contrária à redução da maioridade. Nela, o coordenador de Programas para Adolescentes da organização, Mario Volpi, diz que somente 0,01% dos 21 milhões de adolescentes do Brasil cometeram atos contra a vida. No entanto, ele lembra que a cada hora um adolescente é assassinado no Brasil, o que faz com que o país seja o segundo em homicídios de adolescentes no mundo.