Sérgio Moro mantém prisão de ex-presidente da Eletronuclear

Publicado em 06/08/2015 - 19:35 Por André Richter - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O juiz federal Sergio Moro manteve hoje (6) a prisão do ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Ele está detido desde o dia 28 de junho em Curitiba, por causa das investigações da 16ª fase da Operação Lava Jato.  Na mesma decisão, Moro decretou a prisão preventiva de Flávio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez.

Othon Luiz e Flávio David foram presos terça-feira (28), durante a Operação Radioatividade, 16ª fase da Operação Lava Jato. De acordo com o juiz, a manutenção da prisão é necessária para evitar “concertação fraudulenta de versões" entre os investigados e prevenir fraudes documentais.

A 16ª fase da Lava Jato foi desencadeada a partir do depoimento do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na delação, ele revelou a existência de cartel na contratação de obras da Usina Nuclear Angra 3 e citou Othon Luiz Silva como beneficiário de propinas.

De acordo com o MPF e a Polícia Federal, o presidente licenciado da Eletronuclear recebeu cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor das obras da usina.

Em depoimento prestado no dia 30 de julho na Polícia Federal, Othon Luiz Pinheiro negou ter recebido propina do consórcio vencedor da licitação para construção da Usina Nuclear Angra 3. Aos delegados da PF, ele afirmou que nunca exigiu ou recebeu vantagem financeira e não recebeu orientação do governo federal e de partidos para cobrar doações financeiras das empreiteiras.

Na decisão, Sérgio Moro também justificou que a prisão é necessária para esclarecer afirmação do Ministério Público de que a filha de Othon e representante da empresa Aratec abriu uma conta secreta em Luxemburgo. “Esses documentos, revelados pelo MPF, indicam que Othon Luiz mantém contas secretas no exterior e que podem ter sido utilizadas para recebimento de propina, ocultação e dissimulação do produto do crime, sendo de se destacar que uma delas foi aberta ainda no segundo semestre de 2012”, acrescentou o juiz.

Othon disse ainda aos delegados federais que os pagamentos recebidos pela Aratec, por meio da Eletronuclear, e citados pela acusação, ocorreram antes da assinatura do contrato com o consórcio de Angra 3. Segundo ele, os valores referem-se a serviços de tradução prestados por sua filha. Ele afirmou também na PF que, após ingressar na estatal, passou o comando da empresa para sua filha.

Edição: Armando Cardoso

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