Após Janot entregar lista ao STF, senadores falam em não precipitar julgamentos

Publicado em 14/03/2017 - 20:19 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O anúncio de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de abertura de inquérito contra 83 pessoas com foro privilegiado, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, repercutiu imediatamente no Senado.

Um dos parlamentares que já respondem a inquérito na Corte, o senador e líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), deu o tom de cautela que foi adotado por praticamente todos os colegas, independentemente do partido. Para Jucá, as delações não representam uma “verdade” por si só, e é preciso apurar com celeridade quem cometeu ou não crime.

“Colocar uma nuvem negra sobre toda a classe política é um desserviço para o Brasil, porque, se queimar a política, em substituição à política, virá a aventura. E a aventura já se mostrou não ser boa para o Brasil nas formas que aconteceu”, disse.

Outro que já responde a inquérito relacionado à Operação Lava Jato, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, lembrou que, junto com o pedido de abertura de novas investigações, Janot pediu o arquivamento de sete inquéritos em curso. Para Lobão, isso é um indicativo de que nem sempre as delações se confirmam.

“É até uma forma de permitir àqueles que foram delatados a possibilidade de uma explicação convincente. Vários inquéritos foram arquivados. E foram arquivados porque os investigadores nada encontraram em relação àqueles que foram delatados”, afirmou.

Lobão lembrou ainda que o ex-relator da Lava Jato no Supremo ministro Teori Zavaski – que morreu no ano passado –, deu despachos ressaltando que as delações deveriam ser vistas com reserva porque elas “nada mais significavam que um roteiro para as investigações”.

Transparência

O senador petista Paulo Rocha (PA) cobrou do novo relator, ministro Edson Fachin, o atendimento do pedido do procurador-geral para abertura do sigilo das delações, de modo que a investigação se mostre “profunda”. “Nós, do Partido dos Trabalhadores, defendemos a fundo as investigações, mas elas têm que ser às claras. Portanto, delações, investigação, têm que ser publicitadas para que o cidadão tenha o direito de se defender não somente perante a sociedade, mas também juridicamente, para processar a sua defesa.”

Para Rocha, tanto o Ministério Público quanto o juiz Sérgio Moro começaram “errando nesse processo, porque só publicitavam aqueles que lhes interessavam politicamente”, promovendo um impacto político “seletivo”.

Edição: Amanda Cieglinski

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