Sem combustível, frotas de ônibus são reduzidas em várias cidades

Publicado em 24/05/2018 - 12:14 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A greve dos caminhoneiros, que chega hoje (24) ao quarto dia, começa a afetar o transporte urbano em diversas regiões do país. As empresas estão reduzindo o número ônibus em circulação devido à dificuldade no abastecimento. A situação, de acordo com organizações locais, pode ficar crítica a partir de sábado, caso persista a paralisação.

Em Belo Horizonte, a circulação dos ônibus foi cortada pela metade nos períodos de menor pico, entre 9h e 16h e entre 20h e 0h. Nos demais horários, a frota é mantida integralmente, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setrabh). Caso o desabastecimento permaneça, o sindicato diz que a partir de amanhã a situação pode se agravar e, no sábado, "há risco grande de parar".

 

Caminhoneiros fazem protesto contra a alta no preço dos combustíveis na BR-040, próximo a Brasília.
Caminhoneiros fazem protesto contra a alta no preço dos combustíveis  - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em Recife, no horário de pico, das 5h às 8h, a circulação dos ônibus foi reduzida de 10% a 30%, segundo o órgão gestor, a Grande Recife Consórcio de Transporte. Ao todo, 1,8 milhão de pessoas são transportadas diariamente na cidade. 

O consórcio autorizou as empresas a reduzir a circulação de metade dos veículos fora do horário de pico, 8h às 17h, para economizar combustível, e garantir a volta dos trabalhadores para casa ao final do expediente. "Essas medidas contingenciais são uma tentativa de prolongar o serviço de transporte público o máximo possível, até a solução definitiva por parte do governo federal", informou o consórcio, em nota. 

No Distrito Federal, de acordo com a Associação Brasiliense das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiro (Transit), que representa as cinco empresas responsáveis pelo transporte de 75% dos passageiros, a circulação segue normal, mas caso a paralisação dos caminhoneiros persistir, a partir de sábado pode haver redução da frota. De acordo com o presidente executivo da associação, Sebastião Barbosa Neto, já há redução de usuários em alguns locais, uma vez que, com medo de não conseguir retornar para casa no final do expediente, eles estão deixando de usar o transporte.

Em Curitiba, nesta madrugada, a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria de Segurança Pública e o Exército iniciaram a Operação Diesel, para garantir o deslocamento dos caminhões de combustíveis até as garagens das empresas de transporte coletivo. Com isso, de acordo com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), os ônibus vão rodar normalmente pelo menos até domingo (27). 

Alerta  

Devido à falta de diesel e ao aumento de preço do combustível, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) emitiu alerta informando "redução na frota e suspensão do serviço" em várias cidades. A entidade representa mais de 500 empresas no país. 

De janeiro a maio deste ano, a associação estima o aumento médio de 11% no preço do diesel para o setor. O combustível representa 23% nos custos do transporte urbano. A maioria das empresas compra o combustível diariamente. A associação chama a atenção para a necessidade imediata de repasse do custo do diesel para as tarifas, controladas pelo poder público. “A política de preços da Petrobras é insustentável. As tarifas terão que ser majoradas, porque não há como as empresas suportarem. Com isso, sofre toda a população”, diz, em nota, o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.

A NTU pede um tratamento diferenciado na política de preços de reajustes de combustíveis, seja por meio de desonerações de tributos, seja com outras alternativas, visto que o setor é regulado e a oferta de serviços é feita mediante contratos, com reajustes anuais de preços.

Segundo dados da Petrobras, nos últimos 45 dias, de 4 de abril a 18 de maio, houve aumento de 25,42% do diesel nas refinarias. "Para a NTU este é um indicativo claro de que os preços estão sendo represados, mas poderão disparar a qualquer momento", acrescenta a nota.

Edição: Maria Claudia

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