Confira os destaques do Carnaval 2015
Publicado em 18/02/2015 - 16:03 Por Ana Pimenta (reportagem: Juliana Cezar Nunes;Sonoplastia: Messias Melo) - Brasília
O clima de carnaval tomou conta do país nos últimos dias. Uma das principais festas do Brasil levou milhões de pessoas às ruas em blocos, agremiações e escolas de samba. A previsão é de um incremento na economia de quase R$ 7 bilhões, pelos cálculos do Ministério do Turismo.
O legado para a cultura brasileira é impossível de calcular. O carnaval contribui para o fortalecimento de vários grupos culturais do país, especialmente de comunidades negras de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e São Luís do Maranhão.
Rio de Janeiro e São Paulo reúnem o maior número de escolas de samba. Elas levaram para as avenidas um verdadeiro espetáculo sobre temas como raízes africanas dos brasileiros, a luta de Mandela na África do Sul, a força das mulheres brasileiras e uma série de homenagens a artistas nacionais.
Entre elas, a cantora Elis Regina, homenageada pela campeã do carnaval de São Paulo, a escola de samba Vai-Vai, criada por descendentes de italianos e africanos na maior cidade da América Latina.
No Rio de Janeiro, as escolas de samba voltaram a surpreender o público com enredos empolgantes e tecnologia nas apresentações. Uma das escolas, a Mocidade Independente, usou uma película especial para incendiar a roupa da porta-bandeira.
Outra escola, a Portela, celebrou os 450 anos do Rio de Janeiro com o símbolo da escola, uma águia gigante, representando uma das principais atrações turísticas da cidade, o Cristo Redentor.
Nas redes sociais, a escola de samba carioca Beija-Flor foi criticada por receber R$ 10 milhões do governo da Guiné Equatorial, acusado de uma série de violação de direitos humanos. A hashtag “ditador” ficou no trend topics brasileiro do twitter durante o desfile na Sapucaí.
Outra apresentação que suscitou polêmica foi da consagrada escola de samba Mangueira, que entrou na avenida com uma comissão de frente formada por atrizes fantasiadas de nêgas malucas.
A personagem é criticada pelas ativistas negras por fazer uma representação estereotipada das mulheres afrodescendentes. As ativistas, no entanto, reconhecem que o samba enredo da Mangueira deste ano cumpriu um importante papel ao exaltar a trajetória guerreira das mulheres de sua comunidade.
As polêmicas no carnaval brasileiro não ficaram só na internet e também ganharam as ruas. As denúncias de corrupção na Petrobras e a crise de abastecimento de água foram os temas que mais inspiraram marchinhas e fantasias.
Em Salvador na Bahia, o bloco Cortejo Afro aproveitou o carnaval para denunciar o racismo e a violência policial com uma performance durante sua passagem pelas ruas da cidade. Nas últimas semanas, jovens negros foram mortos durante ações policiais e a população pede a apuração dos casos.
Um dos blocos afros mais tradicionais da Bahia, o Olodum, também denunciou o racismo e celebrou nas ruas de Salvador a história da Etiópia, país africano que inspira os músicos do bloco.
Para fechar o Carnaval em grande estilo, em Recife e Olinda, no estado de Pernambuco, o homenageado do carnaval foi um maestro de apenas 45 anos, responsável pela atualização musical do frevo. O maestro Spok dirige uma orquestra e uma escola de formação de jovens. Ele trabalha para que as novas gerações se interessem por um dos ritmos mais tradicionais do carnaval brasileiro.
Reportagem: Juliana Cezar Nunes
Sonoplastia: Messias Melo
Locução: Ana Pimenta