Festival de Parintins completa 50 anos
Publicado em 23/06/2015 - 10:12 Por Graziele Bezerra - Brasília
Há 50 anos a história se repete: Parintins se divide em azul e vermelho na torcida pelos bois bumbás Caprichoso e Garantido.
O professor Fernando Silva tem a idade do maior festival folclórico da Amazônia, o Festival de Parintins. Ele conta que na cidade amazonense a devoção por um dos bois passa de geração em geração.
Sonora: "Quando as crianças são pequenas eles são induzidos. Veste a camisa, compra a camisa para as crianças. Porque tem famílias tradicionais daquele bumbá. Então, para eles, todo mundo tem que ser desde o pai, o avô já era do boi, então o filho tem que ser, o neto tem que ser. É uma questão de cultura. É raiz."
A cultura de torcer por um boi é mais forte no período do festival, que ocorre sempre no último fim de semana de junho. A rivalidade entre as duas torcidas também é intensa. Fernando Silva afirma que quem torce para um lado, nunca fala o nome do outro.
Sonora: "Um boi não chama o nome do outro. A gente usa a expressão contrário. Quando o pessoal do Garantido quer se referir ao Caprichoso, chama contrário. Quando o pessoal do Caprichoso quer se referir ao Garantido usa a expressão contrário. Eles nunca falam o nome do outro bumbá. Para ter uma ideia da rivalidade".
A festa dos bumbás nasceu de uma lenda em que Pai Francisco, funcionário de uma fazenda, mata o boi mais bonito do local para atender o pedido de sua mulher grávida, que deseja comer língua de boi.
O patrão descobre e ordena a captura de Pai Francisco que, aflito, buscava, um pajé para ressuscitar o boi. O pajé ressuscita o animal, o funcionário é perdoado pelo patrão e tudo vira uma festa.
O jornalista e comentarista Herman Marinho acredita que, em 50 anos de festival, a representação dessa lenda evoluiu muito.
Sonora: "Isso não fica mais tão claro, não é uma coisa tão óbvia. Pode ser até que um dos bois venha resgatar isso, mas não é o que tem acontecido. Hoje a característica do Boi de Parintins é muito mais do boi ligado ao homem da amazônia e aos povos tradicionais, principalmente a indígena."
A secretaria de cultura do Amazonas estima a visita de 80 mil turistas nacionais e estrangeiros a Parintins. O estado investiu cerca de R$ 20 milhões na realização do festival.