Centenas de pessoas, entre elas familiares de vítimas de balas perdidas, moradores e organizações não-governamentais fizeram uma caminhada de 2,5 quilômetros neste sábado (4) para pedir paz no conjunto de comunidades do Alemão, na zona norte do Rio.
O ato aconteceu após dois dias de confrontos entre policiais militares e criminosos, que resultaram em quatro mortes, incluindo a do menino Eduardo de Jesus Ferreira de 10 anos, atingido na cabeça por um disparo, na última quinta feira, enquanto brincava com o celular. A mãe da vítima, Teresinha Maria de Jesus, participou do ato e desabafou entre a emoção e a revolta.
Sonora: "Esses covardes, tiraram a vida do meu filho, que todo mundo ajude pra tirar essa UPP daqui, que antes dessa UPP não existia essas coisas".
A concentração começou por volta das dez horas da manhã na esquina da Rua Joaquim de Queiroz com a Estrada Itararé. Um dos moradores leu o nome de vítimas de bala perdida, em comunidades do Rio. Artistas fizeram um grafite com a imagem da comunidade e a palavra paz.
Parte dos manifestantes vestia blusas brancas e carregava bolas de gás. A caminhada começou na Estrada Itararé, por volta das 11h30, e seguiu pela Estrada da Itaoca e pela Estrada Ademar Bebiano até a praça de Inhaúma.
Um dos moradores que carregaram cartazes com pedidos de paz foi a jovem, Diana Tavares, de 17 anos. A moradora do Largo do Coqueiro reclamou da abordagem dos policiais e afirmou que o protesto não é a favor de criminosos, e sim pela paz.
Sonora: "Atiram, entram nas nossas casas, roubam as coisas, comem coisas da geladeira, fazem tudo, e eles estão vendo que ninguém tá gostando da presença aqui dentro. Não é por bandido, não é por polícia, a gente só quer paz."
O ato ocorreu de forma pacífica, com momentos de tensão apenas quando os blindados da Polícia Militar circulavam ao lado do grupo. O deputado estadual, Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, acompanhou a caminhada e afirmou que a sociedade não pode ser indiferente às mortes que ocorrem em áreas de risco.
Sonora: "Se essas mortes acontecessem em qualquer outro lugar, a mobilização da sociedade seria enorme. A vida aqui não tem valor menor."
Antes que ato terminasse, um carro de som foi utilizado para alertar os moradores para que tivessem cautela no retorno para casa, já que um novo confronto ocorria na comunidade da Grota.