Mulheres de hoje lutam por criação igualitária e fim de assédio

Publicado em 08/03/2016 - 10:31 Por Tâmara Freire - Rio de Janeiro

“Não queremos representar na sociedade o papel de adorno dos palácios dos senhores do sexo forte. Não termos ideias utopistas e, sim, ideias grandiosas: a de fazer caminhar a humanidade na senda, no dever e da justiça”. As palavras são de Francisca Senhorinha da Mota Diniz e foram publicadas em 1890, no jornal carioca O Quinze de Novembro do Sexo Feminino.


Para quem se assusta com a recente visibilidade conquistada pelo movimento feminista no Brasil é bom saber, nossas mulheres falam em defesa de seus direitos há quase 200 anos e se depender da nova geração de feministas que está se formando vão fazer cada vez mais barulho.


A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Constância Duarte pontua que algumas batalhas foram vencidas, outras continuam, outras ainda apareceram reeditadas, mas a luta não para.


Constância realiza há 12 anos uma pesquisa que busca reunir todos os periódicos escritos no Brasil voltados para as mulheres e lança, nos próximos dias, um dicionário ilustrado que traz 143 jornais e revistas publicados no século 19.


Já no primeiro deles, O Espelho Diamantino, datado de 1827, o autor defende o acesso de meninas à educação. Mulheres figuram como autoras, a partir de 1831.


Desde então, até os dias atuais, Constância observa que um avanço progressista é sempre acompanhado de uma resposta conservadora.


A estudante Ana Carolina Tozzato sabe bem disso. Depois de denunciar o comportamento machista de alguns colegas de escola, começou a ouvir xingamentos e receber ameaças.


Ela é uma das integrantes da Frente Feminista do Colégio Pedro II, de São Cristóvão, no Rio, que promove ações para combater o machismo dentro da escola.


Mas, se graças às nossas feministas históricas, elas podem estudar, votar e até mesmo liderar movimentos políticos, o que querem as militantes brasileiras dessa novíssima geração? Para começo de conversa o fim do assédio sexual, para que não seja mais preciso fazer um mapa de ruas ao redor da escola que as alunas devem evitar porque não são seguras.


Elas querem uma criação mais igualitária, ao contrário da situação que Luana Gomes vive em casa com seus quatro irmãos homens.


Querem que as piadas sexistas e provocações sexuais proferidas por alunos e professores sejam banidas das salas de aula, querem que suas mães e as mães do futuro não precisem mais se responsabilizar por todo ou a maior parte do trabalho doméstico.


Elas querem, ainda, o fim do julgamento das mulheres com base em sua sexualidade. E como as primeiras feministas tiveram que fazer, querem não ter que provar que suas reivindicações são válidas e que têm direito de ocupar o espaço público.


Luisa Caminha já perdeu amigos porque ficou feminista demais. Já desagradou outros, por expor seus comentários machistas em um mural, mas não deixa de apontar as desigualdades que percebe mesmo dentro do próprio grêmio do qual a frente feminista faz parte.


Muitas feministas do século 19 sequer assinavam os jornais que escreviam, já que para muitas pessoas, proferir opiniões não era um direito da mulher. As feministas de hoje falam com menos segredo em jornais, na internet, nas ruas e escolas.

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