Serviços de saúde e assistência na Cracolândia fecham as portas após dia de violência
Depois de ter sido palco de mais um dia de violência, a região do centro de São Paulo, conhecida como Cracolândia, e frequentado por dependentes químicos passou a quinta-feira em uma espécie de vigília. Carros depenados e muito lixo queimado marcavam o lugar. Os serviços de saúde e de atenção social não abriram as portas.
Para o músico Rodney Pereira, que mora a menos de um quarteirão da Cracolândia, e que passa todo dia pelo lugar para ir para o trabalho, a cena era de um país de em guerra.
Para quem trabalha e vive na região, a expectativa é de que as cenas de bombas, balas de borracha, carros incendiados e saques voltem a se repetir.
A justificativa para o receio é a declaração da Polícia Militar do Estado de que o problema na região está perto de ser resolvido, informação confirmada pelo assessor de comunicação da PM de São Paulo, Major Antunes.
Para profissionais de saúde e de assistência social que trabalham no lugar, a avaliação é de que o objetivo final é acabar com o programa da prefeitura de Braços Abertos, que funciona no lugar há quase 4 anos, e que não exige que o dependente químico pare de usar drogas para ser beneficiário de serviços de saúde ou de assistência social, a chamada redução de danos.
Para Leôncio Nascimento, da ONG É de Lei, que defende a estratégia da redução de danos, essa não é a primeira vez que tentam acabar com a Cracolândia implantando programas de internação compulsória e a repressão ao tráfico de drogas.
A ação foi parar nas Nações Unidas por conta das denúncias de violação de direitos humanos. Poucos meses depois, tanto usuários quanto traficantes voltaram ao local.




