Publicado em 15/02/2018 - 19:25 Por Tâmara Freire - Rio de Janeiro
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) denunciou o general reformado Ricardo Fayad pelas torturas praticadas contra o militante político Espedito de Freitas, no Destacamento de Operações de Informações (DOI) do I Exército em novembro de 1970.
Os procuradores sustentam que o crime foi cometido no contexto de um ataque sistemático e generalizado contra a população promovido pelo governo militar e que por isso não está coberto pela Lei de Anistia.
De acordo com MPF, Espedito de Freitas foi sequestrado por agentes do DOI próximo à sua casa e conduzido encapuzado, para o Batalhão de Polícia do Exército que fica na Tijuca, zona norte do Rio.
Lá foi colocado em um pau-de-arara e foi torturado com choques elétricos e queimaduras de cigarro. A vítima encontrou Ricardo Fayad, após a primeira sessão de tortura e o general , que é médico, ordenou que ele recebesse uma injeção para suportar novas agressões.
O general foi intimado a depor, mas preferiu ficar em silêncio. Esta é a décima primeira denúncia feita pelo PMF do Rio contra torturadores e outros agentes da ditadura militar.
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade descreveu a presença de diversos médicos e enfermeiros militares nas câmaras de tortura e ao invés de tratar os ferimentos dos presos aplicavam apenas tranquilizantes e paliativos, além de estimulantes para evitar desmaios e relaxantes musculares para que as vítimas ficassem sensíveis aos golpes.
Essas pessoas também tinham a função de avaliar os limites da resistência dos presos à tortura e ajudar a mantê-los em um estado no qual pudessem continuar a ser interrogados.
Por causa da sua participação no regime militar, Ricardo Fayad teve seu registro profissional cassado em 1994, mas a decisão do Conselho Regional Medicina do Rio de Janeiro foi anulada judicialmente, mas ainda há recurso pendente.
* Texto alterado às 18h55 do dia 16-02-2018 para correção de alguns trechos.