Relatório do Cimi aponta aumento de mortes e invasões em terras indígenas

Direitos Humanos

Publicado em 24/09/2019 - 22:45 Por Juliana César Nunes - Brasília

O Conselho Indigenista Missionário fez um alerta nesta terça-feira sobre a situação dos povos indígenas no Brasil.

 

Relatório anual produzido pela entidade e apresentado na sede da CNBB, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, mostra que em 2018 cerca de 135 indígenas foram assassinados, 25 a mais do em 2017.

 

O maior número de morte foi registrado em Roraima, com 62 assassinatos, e Mato Grosso do Sul, com 38 mortes. Desde 1985, mil e 119 indígenas foram assassinados no Brasil.

 

O relatório do Cimi chama a atenção ainda para o número de invasões, exploração ilegal de recursos naturais e danos ao patrimônio em terras indígenas. Em 2018, foram 109 casos. De janeiro a setembro deste ano, esse número pulou para 160.

 

Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho e Presidente do Cimi, criticou o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU e afirmou que a violência tem sido desencadeadas ao longo de décadas inclusive pelo pelo Estado Brasileiro.

 

Sonora: “A dor, o sofrimento e as angústias dos povos indígenas, gerados pela violência praticadas ao longo do ano de 2018. E é bem mais grave que isso. Elas são cumulativas, promovidas e desencadeadas ao longo das décadas, de modo sistemático por particulares e pelo próprio Estado Brasileiro.”

 

O líder indígena Suruí Pataxó participou da coletiva de lançamento do relatório do Cimi na CNBB em Brasília e também lamentou o aumento da violência contra os povos indígenas no Brasil.

 

Sonora: “Pra nós é um momento de tristeza porque é onde a gente vem lutando pelo nosso território ser demarcado a gente se depara com essa situação com o próprio governo falar que não vai demarcar nenhum centímetro de terra pra indígena. Mas não é motivo de nós esmorecer. Infelizmente, a gente vem sofrendo muita ameaça nas nossas aldeias, morrendo indígena, tocando fogo, não só na Amazônia, mas no estado da Bahia também onde eu moro. O ataque é muito grande, mas nós não desiste.”

 

O relatório do Cimi aponta ainda 101 registros de suicídio entre indígenas em 2018, sendo 44 no Mato Grosso do Sul e 36 no Amazonas. A mortalidade de crianças indígenas de 0 a 5 anos também foi destacada. Foram registrados 591 mortes em 2018, sendo que a maior parte delas, 219, no Amazonas. Procuramos a Funai, a Fundação Nacional do Índio, para comentar os dados, mas até o fechamento desta edição não obtivemos retorno.

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