Mulheres poderão denunciar violência doméstica em farmácias mostrando a mão com um X desenhado
As mulheres vítimas de violência, que não têm coragem de denunciar o agressor, poderão ter a ajuda que tanto precisam em cerca de 10 mil farmácias de todo o Brasil. Basta que elas desenhem um X na palma da mão e mostrem a um dos funcionários da drogaria. Esse é o sinal para a denúncia aos órgãos competentes.
A ideia é da campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, lançada nesta quarta-feira (10) pela Associação dos Magistrados Brasileiros e pelo Conselho Nacional de Justiça.
Para que nenhum farmacêutico ou atendente tenha receio de denunciar a violência, eles não serão conduzidos à delegacia. Nem, necessariamente, chamados a testemunhar. As vítimas serão encaminhadas a casas de acolhimento.
Uma das idealizadoras da campanha, a conselheira do CNJ, Maria Cristiana Ziouva, explica como a mulher poderá saber se a farmácia irá lhe ajudar.
A iniciativa chega em um momento de alta no número de casos de feminicídio em todo o Brasil, impulsionado pela maior convivência entre vítimas e agressores durante o isolamento social por causa do novo coronavírus.
Em março e abril, o índice desse crime cresceu mais de 22%, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As chamadas para o número 180 também aumentaram, 34% nesses meses, segundo o governo federal.
O perfil principal das vítimas de violência é de mulheres entre 18 e 30 anos com ensino fundamental completo. Já os suspeitos têm entre 25 e 40 anos e ensino fundamental incompleto. Na época em que a analista de contas Jacira Gonçalves quase foi morta pelo ex-marido ela tinha 23 anos.
A empregada doméstica, Beatriz Oliveira, de 37 anos, esteve casada por 10 anos, com um homem violento que a xingava e batia. Agora, está em um casamento feliz com um homem que a respeita. Beatriz afirma, por experiência própria, que é possível sair de um relacionamento abusivo.
Além de poder contar com a ajuda das farmácias, as vítimas de violência doméstica podem fazer as denúncias diretamente pelo telefone 180 ou pelo aplicativo Ligue 180. Ainda existe a opção de registrar o problema no site do Ministério dos Direitos Humanos. E, em breve, um número de WhatsApp do governo federal será disponibilizado para receber as denúncias.