Uma mulher e seus dois filhos foram resgatados após passar 17 anos em cárcere privado, em uma casa no bairro de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. O suspeito da agressão, que é marido da mulher e pai dos dois jovens, foi preso em flagrante. O resgate foi feito nesta quinta-feira (28), após a Polícia Militar ser acionada por uma denúncia anônima.
Mas esta não foi a primeira denúncia do caso de tortura. Há dois anos, vizinhos relataram a suspeita a funcionários da Clínica da Família do bairro que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, repassaram as informações ao Conselho Tutelar que atende a região. Uma conselheira, que preferiu não gravar entrevista, confirmou também que uma denúncia chegou diretamente ao Conselho, no mesmo período.
De acordo com ela, o caso foi relatado à Polícia Civil, e oficializado em um registro de ocorrência e repassado ao Ministério Público e ao Juizado da Infância e Juventude.
O MP declarou que a Promotoria da Infância e Juventude tomou ciência das denúncias em março de 2020, quando também havia informações de que as Polícias Civil e Militar também tinham sido acionadas. Mas a nota não informa qualquer ação direta realizada pela instituição e diz que “Não houve informação posterior no sentido de que a violência não fora estancada, motivo pelo qual, está sendo apurada a atuação posterior do Conselho do Tutelar e da rede de proteção do município.
Já a Polícia Civil e o Tribunal de Justiça não se manifestaram até o fechamento desta reportagem.
Na quinta-feira, ao entrar na casa, que apresentava condições bastante insalubres, os agentes do 27º batalhão da PM encontraram os dois jovens amarrados. Apesar de adultos, eles têm a estrutura física de crianças, por causa das carências sofridas ao longo dos anos. As três vítimas também estavam sujas e subnutridas e por isso foram levadas para o hospital municipal Rocha Faria, onde continuam internadas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde os três pacientes apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém já foram estabilizados e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental.