logo Radioagência Nacional
Economia

Terra indígena Sateré-Mawé é reconhecida como região de guaraná nativo

Baixar
Renata Martins
29/10/2020 - 16:37
Brasília
Guaraná de Maués
© Felipe Rosa/Embrapa

A terra indígena Andirá-Marau, do povo Sateré-Mawé, foi reconhecida como indicação geográfica (IG) para o guaraná nativo.

O reconhecimento foi feito pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). No caso, a denominação identifica o produto como originário de um local, com identidade própria, e características que se devem essencialmente a fatores naturais e humanos.

É a primeira IG, no Brasil, a ser utilizada por um povo indígena.

O coordenador-geral de indicação geográfica do INPI, Marcelo Pereira, falou sobre os elementos que levaram ao reconhecimento da terra indígena, que fica na divisa entre o Amazonas e o Pará.

O registro de uma IG vai possibilitar proteger e identificar o guaraná beneficiado pelos Sateré-Mawé.

Segundo Débora Santiago, coordenadora de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura, além da proteção contra pirataria, a IG também vai valorizar o guaraná produzido na área.

O presidente do Conselho Geral da Tribo Satere-Mawe, Obadias Batista, destaca que o guaraná nativo do seu povo já é exportado para a França e a Itália.

A liderança acredita que a indicação geográfica também ajuda a manter a cultura milenar, muitas vezes perdida pelo próprio povo.

Para os Sateré-Mawé, o guaraná é sagrado. Obadias explica que a planta germinou dos olhos de uma criança indígena assassinada pelos tios.

O guaraná nativo produzido pelo povo Sateré-Mawé é colhido na floresta, secada lentamente no forno de argila, desidratado e defumado artesanalmente, o que garante as propriedades como cheiro e sabor por mais tempo. Apenas o que não é consumido pela comunidade é comercializado na forma de grão, pó ou em pasta, chamada de bastão de guaraná ou pão de waraná.

x