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Economia

Especialista explica como a política da Petrobras aumenta preço do gás

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Beatriz Albuquerque - Repórter da Rádio Nacional
03/09/2021 - 14:09
Brasília

Paula Macedo é cabeleireira em Brasília e conta que está reduzindo o uso do fogão e do forno em casa, justamente para economizar gás de cozinha. Ela disse que já encontrou preços acima de R$ 100,00 pelo botijão na capital federal e ficou impressionada.

E a Paula não é a única que está vendo o preço do gás de cozinha disparar. O valor do botijão subiu em todo o país. De acordo com a ANP - Agência Nacional do Petróleo, a média do preço no Brasil é de R$ 90,00. E uma campanha feita pelo Observatório Social da Petrobras e pela FNP - Federação Nacional dos Petroleiros, nesta semana, em São Paulo, levanta várias questões sobre o preço dos derivados de petróleo.

Nessa ação, o botijão de gás foi vendido a R$ 60,00. E as dúvidas dos consumidores só aumentam. É possível, então, reduzir o preço do gás de cozinha? Estamos pagando um valor justo? Por que existem tantos aumentos nesses produtos?

Antes de responder a essas perguntas, é preciso entender como o preço desses derivados do petróleo, como o gás, a gasolina e o diesel, são compostos. O economista Eric Gil, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais, que presta assessoria econômica para FNP, explicou que a Petrobras adota uma política de preços que aplica valores de importação sobre derivados do petróleo produzidos no Brasil e é isso que faz o preço ficar muito alto e incompatível com os custos reais. O economista destacou que o Brasil produz cerca de 80% do que consome de derivados, o que reforça que a política de preços da Petrobras é a responsável pelos valores muito acima do mercado.

Eric Gil traz ainda um cenário pouco animador. De acordo com ele, a previsão de algumas associações é que o gás de cozinha atinja o valor de R$ 150,00, caso a política de preço da Petrobras permaneça a mesma. Atualmente, o botijão de gás corresponde a 8,5% do valor do salário mínimo, número superior a 2015 quando essa porcentagem era de 5,7%.

O economista explica, ainda, que de acordo com dados do IBGE, em 2018 mais de 14 milhões de pessoas usavam lenha e carvão para cozinhar, justamente pelo preço do gás de cozinha e essa tendência é de aumento, gerando uma perda na qualidade de vida dessas famílias.

Ainda de acordo com Eric Gil, os impostos não têm um peso grande sobre o preço dos derivados do petróleo. Não existe imposto federal sobre o gás de cozinha e o ICMS está estável em 15,5%, o que demonstra que não é a política fiscal a responsável pelos crescentes aumentos de preço dos combustíveis e gás de cozinha.

 

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