Domingo em Salvador um aulão celebra 30 anos do Instituto Steve Biko

Um caminho para o combate à discriminação racial. É com esse objetivo que alunos e egressos do Instituto Steve Biko aqui de Salvador realizam neste domingo a 5ª edição da Trilha Ancestral no Parque São Bartolomeu, no subúrbio ferroviário da capital baiana.

O aulão ao ar livre é uma homenagem aos 30 anos de fundação do instituto, dedicado à preparação de jovens negros para o vestibular e ao legado do ativista Steve Biko, importante nome na luta contra o apartheid da África do Sul que marcou a história da consciência negra por fazer da educação instrumento de luta pela liberdade.

O professor Carlos Cruz, responsável pela trilha, detalha que a ação traz para os alunos mais do que conhecimento acadêmico: "A  Trilha Ancestral desse ano ela vem com um arcabouço interessante, porque ela traz o caminho das águas e traz consigo uma figura muito importante para o parque e para a Bahia que é a figura de Zeferina, é uma aula social, é uma aula política, é uma aula de interesse coletivo. Então, a gente tem  esses convidados que nos acompanham."

Hoje, a professora e a advogada Kaliane Nunes, ex-aluna do instituto, sabe bem a importância da preparação socioeducativa para a vida de jovens negros, que como ela, encontraram no estudo o poder da transformação: "A Biko eu costumo dizer que foi pra mim um divisor de águas na minha vida, porque eu entrei na Biko estava passando por um problema familiar e aí foi um local, que para além do aprendizado, eu fui acolhida pela instituição. Então eu acabava passando mais tempo na Biko do que em casa. Então assim, foi o momento em que eu me reconheci enquanto uma mulher negra, foi aí que eu fui entender o que era o racismo, o que era o processo de desigualdade e mais ainda percebi a importância do estudo como instrumento de transformação social e pra minha vida e pros outros. Porque eu fui a primeira pessoa da família por parte de pai a adentrar na universidade. Então a partir dessa minha experiência eu pude mobilizar outras primas, outros parentes a poder entender e perceber de fato que é possível, que a universidade não era um local tão distante.

E como incentivo os 80 alunos do pré-vestibular ganharam uma sala no Instituto Federal da Bahia. A parceria segundo Kalliane Nunes, que agora passa o conhecimento de outro ponto da sala de aula como professora, explica que a iniciativa é mais um passo para realizar o sonho de transformar o Instituto em Universidade: " E aí a parceria com isso é algo que engrandece muito essa ação porque é o Instituto Federal e que trabalha com essas questões de cursos técnicos e tal. Então isso fortalece o movimento Biko, fortalece demais. E aí é trilhar caminhos pra que a gente consiga de fato efetivar o propósito que é criar uma universidade negra.

Para saber mais sobre o pré-vestibular e parcerias basta acessar site .