logo Radioagência Nacional
Geral

Índios Guarani Kaiowá denunciam novo ataque de produtores rurais

Baixar
Maira Heinen
04/09/2015 - 20:12
Brasília (DF)

No Mato Grosso do Sul, menos de uma semana após o confronto entre indígenas e fazendeiros, e a morte de Simião Vilhalva, os índios guarani kaiowá denunciaram mais um conflito em outra área, no município de Douradina.

 

Segundo o cacique Ezequiel Guyra Kambi'y, na tarde dessa quinta-feira (4), 30 caminhonetes de produtores rurais entraram no acampamento onde os índios realizavam uma retomada. Ezequiel denuncia que houve vários tiros e rojões contra os indígenas, que se embrenharam na mata.

 

Sonora: “Primeiramente eles começaram a atirar com armas de fogo mesmo, bala mesmo. Então nossos guerreiros começaram a recuar e eles vieram mesmo na nossa direção com várias caminhonetas e atiravam. E nós estávamos no meio do milho, onde foi colhido, e corremos por lado das matas. E quando foi à noite, eles dispararam 55 tiros das balas”.

 

A área reivindicada pelos guarani-kaiowá é chamada de Guyrakamby'i, também conhecida como Panambi-Lagoa Rica. A terra, de 12.196 hectares já consta como delimitada no site da Funai. Mas em janeiro de 2012, o procedimento de demarcação foi suspenso por decisão liminar da Justiça Federal de Dourados.

 

No início de agosto deste ano, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região cassou a determinação que impedia o andamento do processo e determinou a retomada dos trabalhos da Funai.

 

O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul determinou instauração de inquérito policial para apurar possível prática de formação de milícia privada por fazendeiros na região. De acordo com o procurador do MPF, Marco Antônio Delfino de Almeida, a troca de mensagens em rede social do presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, convocando produtores rurais para promover remoção forçada de indígenas motivou o pedido de investigação.

 

Sonora: “Uma das mensagens, ela fundamenta a instalação do inquérito, em que literalmente, esse presidente do sindicato de Rio Brilhante, conclama as pessoas à prática de crimes. Então ele está conclamando, constituindo um grupo, uma milícia privada para efetuar desobstrução. O que a gente não pode, em hipótese alguma, é entender que aspectos patrimoniais eles podem prevalecer em relação à integridade física das pessoas”.

 

A Polícia Federal informou que uma equipe se deslocou para o município de Douradina, a fim de iniciar as investigações sobre os ataques realizados nessa quinta-feira.

 

A secretária do Sindicato Rural de Itaporã informou que o presidente da entidade, Otávio Vieira de Mello, está hospitalizado. A reportagem aguarda resposta para o pedido de entrevista.

x