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Dossiê aponta média de 12 estupros por dia no Rio em 2015

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Tâmara Freire
17/06/2016 - 19:46
Rio de Janeiro

A cada duas horas, uma mulher sofreu um estupro ou uma tentativa de estupro no estado do Rio de Janeiro em 2015. E quase metade dessas vítimas tinha menos de 14 anos. Os dados fazem parte da edição 2016 do Dossiê Mulher, uma compilação elaborada pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro com os dados sobre diversas formas de violência contra as mulheres. Elas foram 85% das vítimas de crimes sexuais notificados no estado, mas a coordenadora da pesquisa, major Claudia Morais, estima uma grande subnotificação, que tem sido vencida pouco a pouco pela mobilização feminina.

 

O dossiê também traz informações sobre a violência doméstica e aponta quase 50 mil denúncias de lesão corporal dolosa praticada em dois terços dos casos por companheiros ou ex-companheiros. De acordo com a diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher, Márcia Noeli, a Polícia Civil está implementando um novo protocolo de atendimento às vítimas para que elas se sintam mais acolhidas e encorajadas a denunciar. Mas ela defende mudanças na legislação para que as próprias delegacias de atendimento à mulher possam emitir medidas protetivas para mulheres em situação de grave ameaça.

 

Esta edição do Dossiê Mulher compilou também pela primeira vez dados de assédio sexual sofrido em ambiente privado ou público. De acordo com o ISP, isso se deve às grandes campanhas que mobilizaram a internet nos últimos meses em que milhares de mulheres denunciaram violências sofridas. Essa avalanche, no entanto, ainda não se reflete em notificações, já que apenas dois casos por dia foram denunciados. A coordenadora das promotorias de Justiça de Violência Contra a Mulher, Lúcia Iloisio, admite que a rede de proteção do estado precisa ser expandida, mas acredita também que a diminuição dos casos depende de uma mudança cultural.

 

O estudo mostra ainda que 360 mulheres foram vítimas de homicídio doloso e, apesar do autor não ser apontado na maioria dos boletins de ocorrência, em 16% dos casos já foi possível dizer que o assassinato se deu em um contexto de violência doméstica ou familiar. Os registros informam ainda que 35% delas morreram em suas próprias residências.

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