Jogadoras mineiras esperam mais apoio ao futebol feminino com Olimpíada
Publicado em 12/08/2016 - 15:07 Por Léo Rodrigues, da Agência Brasil - Belo Horizonte
A seleção brasileira de futebol feminino enfrenta a Austrália às 22h desta sexta-feira (12), em partida válida pelas quartas de final das Olimpíadas de 2016.
A partida ocorre no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Atletas que atuam no América, o único time profissional de futebol feminino da capital mineira e do estado de Minas Gerais, estarão no estádio.
A atacante Kamila Chaves, que possui passagens pela seleção brasileira sub-17 e foi artilheira da Taça BH deste ano com 22 gols, fica na expectativa de que a visibilidade das Olimpíadas possa trazer mais reconhecimento e apoio à modalidade.
O América-MG montou seu time de futebol feminino profissional no início deste ano. É o primeiro da história de Minas Gerais. Cruzeiro e Atlético já tiveram equipes amadoras no passado, mas foram extintas.
A estruturação de equipes femininas profissionais é uma exigência do Profut, programa aprovado pelo governo federal no ano passado que estabelece requisitos para que os clubes do país parcelem suas dívidas com o estado.
No entanto, as iniciativas ainda são isoladas. Corinthians, Flamengo, Santos e Santa Cruz estão entre os times da Série A que já se adaptaram. O técnico do América-MG, Victor Alberice, defende a necessidade de se estabelecer um modelo contratual que permita a essas meninas viver do futebol.
A falta de apoio é sentida na pele por quem ainda dá os primeiros passos no sonho de se tornar uma jogadora. Giovana Scarpelli, de 17 anos, está em fase de testes no América-MG. Ela pratica esporte desde criança.
Por três anos, integrou as categorias de base do time de vôlei do Minas Tênis Clube. Futebol, jogava apenas por hobby com amigas, o que não era uma prática regular. Foi somente quando ela fez um intercâmbio escolar nos Estados Unidos que ganhou a oportunidade de desenvolver o esporte que mais lhe dá prazer.
Motivada pela experiência no estrangeiro, Giovanna resolveu desbravar novos caminhos no seu retorno ao Brasil e espera agarrar a chance no América-MG. As dificuldades encontradas em sua trajetória é geralmente a regra.
A maioria dos times não tem equipe de base. As meninas que ainda não têm idade para integrar o time principal acabam ficando sem opções. Enquanto isso, em países como os Estados Unidos, Austrália, Suécia e a Noruega, as jovens são descobertas na escola, participam de competições e vivem um processo de desenvolvimento que não existe no Brasil.
As que se destacam são absorvidas pelos times das universidades, que também oferecem bolsas de estudo às jogadoras. Mesmo quem já alcançou o ápice, também cobra melhorias.
A lateral da seleção Tamires lembrou durante o preparatório realizado no mês passado que mesmo o Brasil tendo ganhado duas pratas nas Olimpíadas de 2004 e 2008, a modalidade segue enfrentando problemas antigos.
Hoje Tamires atua em uma equipe da Dinamarca, em uma estrutura que deixa para trás muitos clubes masculinos do Brasil. Mesmo morando longe, ela se sentirá em casa no Mineirão.
Natural de Caeté, município da região metropolitana de Belo Horizonte, ela contará com o apoio de uma batalhão de familiares na torcida. Também viverá a experiência de jogar no estádio onde outras vezes esteve como torcedora do Atlético, o seu clube do coração.
Com um balanço parcial de 34 mil ingressos vendidos até a noite dessa quinta-feira (11), o bom público será outro fator que deverá fazer com que a noite seja memorável para ela.