Maria, quando você estiver ouvindo esta edição de hoje (9) do nosso programa, pode ter certeza de que estarei no Apuí, estado do Amazonas, reverenciando a majestade de uma árvore que é a verdadeira rainha da floresta, a castanheira, uma referência no trabalho agroflorestal.
O engenheiro Fernando Ludki que o diga. É ele que vai nos explicar por que a castanheira pode ser considerada a rainha da floresta. Segundo ele, é pela exuberância e pelos benefícios com relação aos frutos.
Em nome da proteção da nossa rainha castanheira, existe uma lei que diz que ninguém pode derrubar essa árvore tão emblemática para a Amazônia. É a Lei 4.771. Apesar disso, a castanheira, considerada a carne vegetal da Amazônia, parece estar no espeto. Ao visitar um assentamento em Anapu, onde viveu a saudosa irmã Dorothy, o engenheiro Fernando Ludki teve uma visão impressionante. Ele encontrou, nos campos que rodeiam a sede do assentamento em que a irmã Dorothy trabalhou como missionária, várias castanheiras mortas, algumas sem galhos. Segundo ele, da maneira como estão, elas não têm mais finalidade alguma, nem para aproveitamento de madeira.
Se isso é lamentável pela perda da castanheira em si, é preciso ainda lembrar dos seres que se relacionam com essa árvore majestosa. Para preservar a castanheira, é importante, por exemplo, preservar a cotia, que espalha as sementes da árvore pela floresta. E tem outros animais que se relacionam com a árvore porque dependem de tudo o que ela oferece, como o sapo e uma rã venenosa (que só conseguem se reproduzir no oco do ouriço da castanheira). E tem também o macaco cairara e o macaco prego, que conseguem abrir os ouriços velhos.
Alimento e remédio para todos é a castanheira. O estado do Acre é um dos maiores produtores. E, no Pará, estado que lhe empresta o nome, é onde se encontram as castanhas mais graúdas. Conversamos sobre isso com Alberto Guerreiro de Carvalho, da Reserva Biológica Rio Trombetas.
Para saber dos benefícios alimentícios e medicinais da castanha, conversamos com a doutora Lívia Martins, que nos explica que ela é rica em selênio, um eficiente anti-oxidante. E o programa traz também uma receita de um creme para os cabelos. É o poder coméstico da castanha.
Não bastasse toda essa riqueza ambiental, medicinal e alimentícia, vale registrar também que a castanha movimenta a economia local e até internacional. No Brasil, esse comércio emprega milhares de famílias na Amazônia. Seu valor econômico é cada vez maior. Quase toda a produção de castanha do Brasil é exportada, principalmente para os Estados Unidos e a Inglaterra. Estima-se que a indústria internacional de castanha movimente entre R$ 18 milhões e R$ 65 milhões por ano.
Por isso tudo, nós reverenciamos a rainha da floresta. Saudações amazônicas e até o próximo programa.
*Viva Maria: Programete que aborda assuntos ligados aos direitos das mulheres e outros aspectos da questão de gênero. É publicado de segunda a sexta-feira. Acesse aqui as edições anteriores.