Operação da Guarda Civil de São Paulo na Cracolândia inclui revista a dependentes

Cracolândia

Publicado em 29/09/2017 - 08:50 Por Eliane Gonçalves - São Paulo

Durante uma operação de limpeza na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, a guarda-civil metropolitana reuniu centenas de dependentes químicos nas tendas de atendimento de saúde, por cerca de duas horas. As pessoas foram liberadas aos poucos e, só depois de passarem por revista, no caso de mulheres, inclusive por revista íntima.

 

Sonora: “São três lá dentro da sala fazendo a revista. fazendo a gente ficar pelada e abaixando três vezes, como se nós tivesse preso, pra visitar alguém.”

 

E foi sob bombas de gás que as pessoas foram conduzidas até a área de atendimento. Uma pastora evangélica, que trabalhava como voluntária na região, teve que ser hospitalizada por não conseguir respirar. Outras ficaram feridas. Mesmo ex-usuários que não chegaram a ficar detidos tiveram problemas. O técnico de enfermagem e ex-dependente químico, Gelson de Carvalho, perdeu tudo o que tinha porque foi levar a esposa diabética ao hospital.

 

Sonora: “Roupa, era só roupa moça. O pouco que eu tinha... Como é que eu vou agora? A sorte é que os documentos estavam comigo, teve gente que perdeu todos os documentos ali no meio. Já tentei sair daqui de tudo quanto é jeito. Eu tô preso nesse lugar.”

 

A defensora pública Fernanda Pinchiaro tentou acompanhar a ação, mas só pôde entrar no local no final da manhã. Segundo ela, a operação foi marcada por irregularidades.

 

Sonora: “Não existe um respaldo legal desde o início para essa operação. Ou é limpeza urbana, e as pessoas ficam livres porque aquela área vai ser limpa, outra coisa é colocar pessoas em um determinado espaço e mantê-las ali sob o argumento de que porque é uma região onde se faz uso de drogas as pessoas devem ser revistadas uma a uma.”

 

Segundo o subcomandante Braga, da Guarda Civil Metropolitana, a ação foi regular e tinha o objetivo de restabelecer a ordem e a segurança no local. Questionado se a Guarda Civil Metropolitana pode revistar pessoas, já que ela não tem poder de polícia, ele disse que isso faz parte da rotina.

 

Sonora: “Esse processo de revista, a guarda-civil faz comumente para preservação da segurança no local.”

 

Relatos de dependentes químicos e de profissionais de saúde confirmam que operações do tipo viraram rotina na região.

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