Publicado em 21/06/2018 - 11:38 Por Ícaro Matos - Rio de Janeiro
A madrugada desta quinta-feira (21) foi tensa na região do Complexo de Favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.
Moradores das comunidades fecharam duas das principais vias expressas da cidade em protesto pela morte do adolescente Marcos Vinicius da Silva, de 14 anos, baleado durante uma operação policial.
Após a confirmação do falecimento do jovem, os moradores do complexo, que é cercado pela Linha Vermelha e Avenida Brasil, invadiram as vias e ergueram barricadas com pneus, pedaços de madeira, pedras e lixo.
Em seguida, eles atearam fogo nos obstáculos fechando as pistas na altura da comunidade, por volta da meia-noite. Na Avenida Brasil, os manifestantes também incendiaram um ônibus.
A Polícia Militar (PM) foi acionada e quando os agentes chegaram na Maré para dispersar o protesto foram recebidos a tiros.
Apesar dos relatos de intensos confrontos, não há informações sobre feridos. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, o trânsito na Avenida Brasil só foi liberado às 2h50 e, na Linha Vermelha, perto de uma hora depois, às 3h45.
Os protestos desta madrugada foram o desfecho de um dia violento na Maré. Na manhã dessa quarta, a Polícia Civil, com o apoio do Exército, iniciou uma grande operação no Complexo para prender suspeitos de envolvimento na morte do inspetor Ellery de Ramos Lemos, chefe de investigações da Delegacia de Combate às Drogas.
Ele foi morto durante uma operação na Favela de Acari, também na zona norte, no último dia 12. De acordo com as investigações, pessoas envolvidas no crime estariam escondidas na Maré.
Mais de 100 policiais civis participaram da ação, que teve o apoio de um helicóptero da própria polícia e de dois blindados do Exército, que faziam apenas o transporte dos agentes da Civil dentro das comunidades.
Foram registrados intensos tiroteios e sete pessoas morreram.
Uma das vítimas foi o adolescente Marcos Vinicius, que estava indo para escola quando foi atingido na barriga por uma bala perdida.
Ele foi socorrido levado à UPA da Maré e, em seguida, transferido para o Hospital Getúlio Vargas, onde passou por cirurgia para retirada do baço, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital.
Outros cinco baleados na ação foram levados para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas já chegaram mortos ao local. A última vítima foi socorrida no Hospital Getúlio Vargas e também chegou sem vida à unidade.
Segundo a Polícia Civil, todos os seis teriam envolvimento com o tráfico de drogas.
E não foi só na Maré que a quarta-feira foi violenta no Rio. No morro Pavão-Pavãozinho a Polícia Militar (PM) fez operação para combater o tráfico de drogas na comunidade.
A ação terminou com um morto e três feridos. Segundo a PM, todos suspeitos de envolvimento com o tráfico.