Publicado em 03/10/2018 - 20:37 Por Renata Martins - Brasília
Alvo de ataque em 2017, povo Gamella relata ameaças e discriminação em acesso a serviços públicos em Viana, no Maranhão.
A comunidade indígena busca retomar áreas de seu território tradicional e pede que o Estado faça demarcação. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, o povo Akroá Gamella vem sendo espremido em seu território, por ação de grileiros e resiste para garantir uma porção mínima do seu lugar de existência.
Laércio Gamella, vive na aldeia Centro do Antero, a 14 quilômetros da sede do município de Viana. Ele relata que as ameaças são constantes.
No dia 30 de abril do ano passado, Laercio estava com outros indígenas em numa ocupação dos Akroá-Gamella, na localidade de Baías, município de Viana, quando um grupo de aproximadamente 200 pessoas atacou severamente a comunidade indígena. Vinte e dois Gamella foram feridos, dois deles baleados e outros dois tiveram suas mãos decepadas.
O ataque é destacado no relatório do Conselho Indigenista Missionário sobre Violência Contra povos indígenas. Em 2017, o Cimi mapeou 20 ocorrências de conflitos relativos a direitos territoriais.
Os indígenas também são hostilizados e têm o acesso a serviços públicos negados, ressalta Laércio.
O secretário-adjunto de saúde de Viana, Marcelo Santana afirma que o município não é responsável pelo atendimento dos Gamella, que deveriam ser atendidos pela Secretaria de Saúde Indígena.
Mas a Funai destaca que mesmo que um distrito sanitário indígena seja construído na área, os postos de saúde não podem negar atendimento.
A Funai informou ainda que tem acompanhado e dado suporte aos indígenas, e que criou um Grupo Técnico para estudar a questão fundiária dos Gamella.