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Viva Maria: Em tempos de muitas tensões, dedicamos este dia ao profeta que inspira gentileza

Viva Maria
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Apresentação Mara Régia
13/11/2018 - 09:34
Brasília

Nesta edição, Viva Maria faz questão de lembrar que hoje é o dia da Gentileza. Nesses tempos de tanta brutalidade, a data não podia deixar de ser lembrada pelo nosso programa. Vamos comemorar esse dia com uma homenagem a José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza.

 

José Datrino começou sua trajetória de solidariedade a partir de um acontecimento trágico que marcou a vida brasileira e particularmente a cidade de Niterói, nos idos de 1961. O incêndio no Gran Circus Norte-Americano, que, infelizmente, gerou a morte de 500 pessoas.

 

Nesse mesmo ano, a dois dias do Natal, José Datrino acordou durante a madrugada alegando ter ouvido "vozes" que pediam para que ele abandonasse o mundo material e se dedicasse exclusivamente ao mundo espiritual.

 

A partir daí, o Profeta pegou seu caminhão e se dirigiu ao local do incêndio, plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo que um dia levou tantas alegrias às pessoas. Lá permaneceu durante quatro  anos. Durante esse tempo, ele levou conforto e carinho a muitas famílias das vítimas do incêndio. E, daí por diante, passou a ser chamado de "Profeta Gentileza".

 

Anos mais tarde, José Datrino começou sua jornada pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro na década de 1970. Fazia suas pregações em trens, ônibus e praças públicas, sempre levando palavras de conforto e bondade às pessoas. Gentileza pregava também o respeito ao próximo e pela natureza. Alguns o chamavam de louco e ele sempre respondia: "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

 

Nos anos 80, começou a escrever diversas frases e poemas em 56 pilastras do viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio. Ali deixou sua marca eterna para que todos pudessem ler.

 

Até sua morte, em 1996, Gentileza expôs sua obra numa extensão de, aproximadamente, 1,5 km na Avenida Brasil. Até que, um dia, os poemas de Gentileza foram apagados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB), do Rio de Janeiro.

 

O fato mereceu  o protesto da cantora Marisa Monte na música Gentileza, do CD Memórias, Crônicas e Declarações de Amor, lançado em 2000. Um dos trechos da canção diz: “Apagaram tudo/Pintaram tudo de cinza/A palavra no muro/Ficou coberta de tinta”.

 

Felizmente a música protesto de Marisa Monte não foi em vão. Em abril de 2010, após dez anos de desgaste, quatro artistas plásticos iniciaram uma nova restauração, a partir da pilastra número um, no Km zero da Avenida Brasil. Era desse ponto que Gentileza dava as boas-vindas a quem chegasse à cidade maravilhosa.

 

“A emoção dessa conquista é que a mensagem de Gentileza está sendo cada vez mais difundida, se espalhando pelo imaginário das pessoas”, esclarece Dado Amaral, autor de dois curtas-metragens sobre o folclórico profeta: Gentileza, em 1994, e Por Gentileza, em 2002.

 

Mesmo que você não tenha assistido a esses curtas, vale a pena ouvir agora nossa amiga psicóloga Lydia Rebouças, vice- reitora da Unipaz, sobre o poder de uma palavra gentil ou de um gesto de gentileza.

 

 

 

Viva Maria: Programete que aborda assuntos ligados aos direitos das mulheres e outros aspectos da questão de gênero. É publicado de segunda a sexta-feira. Acesse aqui as edições anteriores.

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