Ícone do fotojornalismo brasileiro, Gervásio Baptista morreu nesta sexta-feira (5), em Brasília, aos 95 anos.
Os detalhes sobre o velório ainda não foram definidos pela família, mas a cerimônia deve ocorrer na capital federal, no Cemitério Campo da Esperança.
Em seguida, o corpo será cremado e as cinzas serão levadas ao Rio de Janeiro para serem espalhadas na Baía de Guanabara.
Gervásio Baptista captou com suas lentes, sua técnica e sensibilidade a famosa foto de Juscelino Kubitschek acenando com a cartola para o povo na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960.
A imagem, que foi capa da extinta revista Manchete, serviu de modelo para a estátua do ex-presidente, que fica em frente ao Memorial JK, no Eixo Monumental. Orgulhoso, o fotógrafo contou em entrevista à TV NBR, em 2013, que era amigo do presidente e do vice, João Goulart, o que facilitou na hora de eternizar o momento.
E quando se fala que foram grandes os momentos fotografados por ele, não é exagero!
Gervásio, que também era conhecido como o fotógrafo dos presidentes, registrou a posse de todos os mandatários da República, desde Getúlio Vargas até Dilma Roussef. Era dele a credencial de número 001 do Palácio do Planalto.
É dele também a última fotografia de Tancredo Neves, sentado em um sofá, rodeado pela família, no Hospital de Base de Brasília. Tancredo morreu dias depois, antes de assumir a Presidência da República.
Foram 50 anos dedicados à fotografia.
Nesse período, Gervásio, chamado carinhosamente de GG pelos amigos mais próximos, registrou também grandes momentos de sete Copas do Mundo; a beleza e a elegância em dezesseis concursos de Miss Universo e foi testemunha ocular da Revolução Cubana e da Revolução dos Cravos, em Portugal. Ele cobriu ainda a guerra do Vietnã e a queda do ex -presidente argentino Juan Domingo Perón.
Mas além das lentes, Gervásio tinha uma outra paixão... A música.
E foi nos microfones da Rádio Nacional, no programa Memória Musical, há exatos 11 anos, que ele encontrou espaço para falar sobre as canções que marcaram sua vida.
Uma delas: Dora, de Dorival Caymmi.
Os últimos 30 anos de carreira do fotógrafo foram dedicados à Agência Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação. Em 2018, foi Condecorado com a Medalha Ranulpho Oliveira, da Associação Bahiana de Imprensa, destinada aos maiores nomes do jornalismo que trabalharam na imprensa da Bahia.
Neste cinco de abril de 2019, os olhos do fotojornalista fizeram seus registros derradeiros, em uma casa de repouso para idosos, no Distrito Federal, onde passou os últimos anos. Mas seu legado jamais será esquecido.
* Com produção de Renato Lima
* Matéria atualizada às 17h39 de 05/04/2019.
*Texto e título corrigido às 13h21. Gervásio Baptista completaria 96 anos este ano.