Publicado em 25/07/2019 - 09:44 Por Eliane Gonçalves - São Paulo
A tragédia de Brumadinho completa seis meses nesta quinta-feira (25). A data é marcada por atos em memória das vítimas, mas, principalmente, por críticas à Vale. Há seis meses, Anastácia do Carmo Silva, de 49 anos, não consegue trabalhar.
O filho dela, Cleiton Luiz Moreira da Silva, tinha 29 anos, trabalhava na mineradora Vale e foi um das 272 vítimas do rompimento da barragem no córrego do feijão, em Brumadinho. A barragem veio abaixo no dia 25 de janeiro. Segundo relatório apresentado pela CPI da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a Vale sabia dos riscos de rompimento da barragem e foi avisada de um deslocamento físico 15 mil metros quadrados, equivalente a dois campos de futebol.
Mas seis meses depois da tragédia que paralisou o Brasil com as imagens do tsunami viscoso de rejeitos de mineração, o processo de indenização e reparação dos danos ainda não foi concluído.
Essa semana, um acordo com o Mnistério Público do Trabalho definiu uma indenização de 700 mil reais a serem pagos para mãe, pai, esposa ou marido e filhos de cada uma das vítimas. O valor é um pouco maior do que a mineradora pretendia pagar em acordos individuais, 500 mil reais para cada parente próximo. Ainda assim é insuficiente para Anastácia.
Em documentos internos, a própria Vale calculou que cada vida humana deveria ser avaliada em 10 milhões de reais. Somando todas as indenizações, o valor a ser pago por cada morte não chega a 50% do valor inicial.
As indenizações às vítimas são apenas uma das muitas pendências que ainda marcam o cotidiano de Brumadinho. O Representante da coordenação nacional do MAB, o Movimento dos Atingidos por Barragem, Joceli Andreoli ajuda a fazer a lista dos outros problemas. Vinte e quatro pessoas continuam desaparecidas embaixo dos rejeitos da mineradora.
A jornalista e ambientalista Carolina de Moura integra a articulação internacional de atingidos e atingidas pela Vale, lista outros problemas que também podem marcar o futuro de Brumadinho, uma comunidade que, segundo ela, está exausta.
Questionada sobre as críticas, a Vale respondeu em nota que está dedicada a reparar de forma célere os danos em Brumadinho e outros municípios atingidos ao longo do rio Paraopeba, com ações que incluem indenizações, doações, assistência médica e psicológica, compra de medicamentos e segurança das estruturas, entre outras iniciativas.
Também informou que nesses seis, a empresa já fechou os acordos definitivos para as indenizações individuais e trabalhistas, executa repasses financeiros mensais a mais de cem mil pessoas e deu início às principais obras de remoção dos rejeitos e de recuperação ambiental.
Nesta quinta-feira (25), familiares e moradores de Brumadinho fazem um ato em memória das vítimas. Flores e fotos vão ser depositadas na entrada da cidade. Também haverá um culto ecumênico, e ao meio dia e vinte e oito minutos, a hora em que a barragem veio abaixo, será feito um ato silencioso.