Em São Paulo, uma calculadora pode ajudar empresas de ônibus a atualizar a frota com veículos menos poluentes. Mas a poluição na cidade ainda está longe da solução.
A calculadora foi batizada como PlanFrota, sigla para Planejamento de Frota.
Em uma planilha, as empresas de ônibus vão incluir informações como tipo, ano e modelo do veículo, combustível usado e quilometragem percorrida e, então, calcular quanto de poluente elas vão lançar na atmosfera.
Daniel Tsai, coordenador de projetos do Instituto que criou a ferramenta, o IEMA, diz que a ideia é ajudar a escolher ônibus menos poluentes.
“O que essa ferramenta faz é te permitir escolher os ônibus que você quer e verificar, no conjunto dos seus ônibus, quais vão ser as suas emissões totais, assim você pode comparar as emissões totais ao longo do tempo com as metas estabelecidas pela prefeitura”.
As metas foram estabelecidas em 2009. Só não foram cumpridas. No ano passado, uma nova lei ampliou o prazo. Agora, as empresas têm até 2037 para zerar as emissões de dióxido de carbono e reduzir em 95% a emissão de materiais particulados e de óxidos de nitrogênio.
Um estudo da USP mostrou que mais de 4 mil pessoas morrem por ano na capital paulista vítimas da poluição. O dobro das mortes por acidentes de trânsito. Carros, motos e ônibus respondem por mais de 70% do problema, e os ônibus por um quarto de tudo o que é emitido pelos veículos. Já os carros particulares são responsáveis por 75% das emissões.
Para a médica e diretora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag, a poluição em São Paulo custa caro. E é preciso cobrar mudanças de outros setores também.
“Custa vidas, internações, gastos públicos em saúde, perda de produtividade. E não tem muita explicação, a não ser interesses econômicos, porque para piorar a situação da indústria automobilística, ela já produz o carro [menos poluente] aqui e exporta para países da América do Sul. Não faz sentido. O que acontece é que ela tem que vender os carros que são poluidores, ela tem que desovar isso aqui”.
A reportagem entrou em contato com a ANFAVEA, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, para rebater as críticas, mas em 24 horas não houve retorno.
Segundo a SPTRANS, entre dezembro de 2016 e agosto deste ano, as emissões de poluentes na frota de ônibus caíram em um quarto para os óxidos de nitrogênio e mais de um terço para materiais particulados. Não houve redução na emissão de dióxido de carbono.
No começo deste mês, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes chegou a anunciar que esta semana 15 ônibus 100% elétricos entrariam em circulação. Mas a medida foi adiada para o começo de novembro.