Água do Rio Paraopeba ainda não voltou ao normal, um ano após rompimento da Vale

Brumadinho

Publicado em 23/01/2020 - 08:03 Por Gracielly Bittencourt - Brasília

Durante 40 anos, a barragem B1, localizada no povoado de Córrego do Feijão, acumulou 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro.


No dia 25 de janeiro de 2019, quando a barragem rompeu, esse mar de lama percorreu, em menos de 1 hora, uma área de mais de 2 milhões de metros quadrados a uma velocidade média de 80km por hora.


A onda de rejeitos que poluiu o Rio Paraopeba, principal fonte de água da região, causou problemas ambientais, econômicos e sociais e reduziu o acesso da população à água potável.


Ao todo, 48 municípios foram afetados. A gerente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, Igam, conta como está a qualidade da água.


“Desde o início do desastre houve a recomendação de não utilização da água bruta do Rio Paraopeba. Além disso, por não saber se poderia ter uma contaminação das águas subterrâneas, a Secretaria de Estado de Saúde também recomendou a não utilização de poços, cisternas e soluções alternativas de consumo, num raio de 100 metros da margem do rio. A qualidade da água, nos primeiros 40 km, que é mais ali na região de Brumadinho até Juatuba, a gente vê que ainda apresenta elevados valores de turbidez, que são sólidos suspensos na água. Ainda há uma região de atenção, né, que a gente vê que ainda está impactada, e que ainda não voltou aos seus níveis normais”.


Temendo novas tragédias e a contaminação dos rios e do solo, há anos os moradores da comunidade da Jangada lutam para impedir que a mineradora expanda as atividades na mina localizada na região. A coordenadora da associação comunitária, Carolina Moura, conta que a água dessa nascente atende cerca de 200 famílias e é uma reserva estratégica pra toda a região.


“Somo cerca de 200 famílias no bairro da Jangada, e mais do que a água para essas famílias, como são nascentes de porte, é uma reserva estratégica para toda a região. O quadrilátero não é ferrífero, é aquífero. Eles também dizem que Minas Gerais é um estado que tem mineração no nome, e a gente diz que essas minas são de águas, são minas de águas gerais. Porque Minas Gerais é a caixa d’água do Brasil. Então a gente faz essa disputa de narrativa pra mostrar que a água vale mais do que minério, que minério não se bebe, que a água vale mais que ouro, que a água é um direito humano essencial à vida e que a gente tem que fazer uma escolha:  ou a gente minera e fica sem água ou a gente preserva as serras, preserva a natureza, deixa todo o ecossistema que precisa de todo o equilíbrio pra que a água chegue em nossas torneiras”.


Em nota, a Vale informou que oferece água potável para famílias de 16 municípios que estão impossibilitadas de captar água do rio Paraopeba. De acordo com a empresa, já foram distribuídos mais de 560 milhões de litros de água para consumo humano, irrigação e dessedentação animal.

 

 

*Essa é a segunda reportagem de uma série especial para marcar um ano do rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão, operada pela mineradora Vale, em Brumadinho (MG). A tragédia ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019. A cada dia um novo conteúdo será liberado, até sábado.

Últimas notícias
Geral

Corpos encontrados em barco no Pará são temporariamente sepultados

Cerimônia laica foi promovida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Organização Internacional para as Migrações e a Agência da ONU para Refugiados, além das instituições que participaram do resgate. O procedimento permite que eles possam ser sepultados em outro local.

Baixar arquivo
Geral

PRF resgata cachorros vítimas de maus-tratos em bagageiro de ônibus

A Polícia Rodoviária Federal de Goiás realizava uma inspeção em um ônibus de viagem, na cidade de Porangatu, a cerca de 400 quilômetros da capital, Goiânia,  quando encontrou seis cães sendo transportados no interior do bagageiro.

Baixar arquivo
Geral

Indígenas fazem ato na Esplanada dos Ministérios nesta quinta-feira

Está previsto um encontro de 40 lideranças com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. O grupo vai apresentar uma carta de reivindicações do movimento com 25 demandas, que incluem demarcação de terras; luta contra o marco temporal; saúde e educação indígenas.

Baixar arquivo
Esportes

Goiás é campeão da Superliga B masculina

 Foi a primeira vez que um time do Centro-Oeste venceu a competição

Baixar arquivo
Geral

Aumenta o número de pré-candidatos LGBTI+ nas eleições municipais

O primeiro boletim do Programa Voto com Orgulho aponta aumento em cinco vezes das pré-candidaturas LGBTI+ e aliadas à causa.

Baixar arquivo
Geral

MPRJ cumpre mandados de prisão contra milícia no Rio de Janeiro

Agentes do GAECO, Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro, cumprem 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia que atua na Comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, zona oeste da capital.

Baixar arquivo