Publicado em 26/05/2020 - 12:31 Por Raquel Júnia - Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou que não tem qualquer participação em irregularidades denunciadas pelo Ministério Público Federal e que está a disposição da Justiça.
A declaração foi feita em nota após a Polícia Federal deflagrar, nesta terça-feira (26), operação com o objetivo de apurar possíveis desvios em contratos da saúde no estado, e que teve o próprio Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, como alvo de um dos mandados de busca e apreensão.
Witzel enfatizou que causa estranheza o fato de a ação ter sido antecipada por deputados aliados do presidente Jair Bolsonaro o que, para ele, demonstra com nitidez que houve vazamento.
Em uma entrevista à Radio Gaúcha, nesta segunda-feira (25), véspera da operação, a deputada Federal Carla Zambelli, do PSL-SP, antecipou que a Polícia Federal deflagraria ações para investigar suspeitas de irregularidades cometidas por governadores no contexto da pandemia.
Na nota, Wilson Witzel faz menção ainda à representação já encaminhada à Procuradoria Geral da República sobre uma possível interferência do presidente na Polícia Federal. Para Witzel, a antecipação da operação por aliados do presidente confirma que a interferência está oficializada.
A operação Placebo cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em endereços do Rio e de São Paulo. Segundo a Polícia Federal, o objetivo é apurar indícios de desvios de recursos públicos durante as ações de enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Diferente de outras operações envolvendo os poderes no Rio de Janeiro, os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça.
Também em nota, a Polícia federal informou que elementos de prova, obtidos durante investigações iniciadas no Rio pela Polícia Civil e Ministérios Públicos estadual e federal, foram compartilhados com a Procuradoria-Geral da República como parte de investigação em curso no STJ.
Essas provas, ainda de acordo com a PF, apontam para a existência de um esquema de corrupção envolvendo servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde fluminense e uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha.
A ação desta terça-feira (26) envolve agentes federais da Superintendência Regional do Distrito Federal e não do Rio de Janeiro, e acontece após a Operação Favorito, deflagrada há 12 dias, também com objetivo de apurar suspeitas de desvios em contratos na saúde, envolvendo organizações sociais.
Na ocasião, foram presos, entre outras pessoas, um empresário e o ex-deputado estadual Paulo Melo.