Quase 60% da cidade do Rio de Janeiro estão sob influência de milícias
Dados estão no Mapa dos Grupos Armados do Estado
Publicado em 20/10/2020 - 10:45 Por Fabiana Sampaio - Rio de Janeiro
Um estudo inédito aponta que mais da metade do território da cidade do Rio de Janeiro, 57%, está sob influência de milícias, atingindo mais de 33% da população carioca.
Os dados estão no Mapa dos Grupos Armados do Estado do Rio de Janeiro, reunidos em 2019.
Os pesquisadores que participaram do estudo afirmam que a influência das milícias no território da capital impressiona, considerando que esses grupos passaram a se organizar no seu formato mais recente apenas no início dos anos 2000. Enquanto a mais antiga das facções atuantes no estado teve formação ainda no final dos anos 1970 e outra duas nos anos 1990.
As disputas entre esses três principais grupos não impediram o avanço das milícias, como avalia o professor de sociologia e coordenador do GENI, Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF, Daniel Hirata.
Outro dado significativo que o mapa traz é que 96 dos 161 bairros da capital fluminense registram atuação de organizações criminosas, incluindo as milícias, abrangendo mais de 3,7 milhões moradores, mais da metade da população carioca.
Outras 52 localidades registram grupos armados em disputa. Na região metropolitana, são 445 localidades com a presença de facções ou milícia, alcançando mais de milhões de pessoas.
A gestora de dados da Plataforma Fogo Cruzado, Maria Isabel do Couto, afirma que o mapa supre uma carência de dados sobre o problema e que essas informações são de extrema importância para o direcionamento de políticas públicas nas mais diversas áreas.
O trabalho se debruçou sobre mais de 37 mil denúncias coletadas pelo serviço Disque Denúncia mencionando milícias ou tráfico de drogas em 2019.
Após uma triagem, foram validadas mais de 10 mil delas, que serviram de base para criação do mapa.
O documento divide as áreas do Rio de Janeiro de acordo com a atuação dos grupos de domínio. O modelo lançado é um protótipo e o objetivo do grupo de pesquisadores é construir um mapa histórico desde 2005, com atualização em tempo real.
Participaram do estudo conjunto a Plataforma Fogo Cruzado, Disque Denúncia, Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e a plataforma digital Pista News.
Edição: Adrielen Alves