A pandemia e o isolamento social colocaram à prova a criatividade das pessoas. No Acre, o servidor público Marcos Nascimento Júnior criou em casa o seu próprio vinho, de açaí. Ele conta que o interesse por bebidas artesanais começou em 2015. A partir daí começou a produzir em casa. Com a pandemia e mais tempo livre, decidiu testar bebidas de frutas até chegar ao açaí. “No primeiro teste eu vi que o produto tinha um potencial muito grande, bem parecido com o vinho tinto de uva, mas com as características singulares que o açaí tem”, diz.
A falta de convívio social, por outro lado, teve um efeito negativo para outras pessoas. No Rio de Janeiro, a artista Dolores Esos conta que o início do período de quarentena foi muito difícil. Como fazia murais de grafite na rua, sem o contato com as pessoas, é difícil ter um retorno sobre o trabalho. Mas ela conseguiu encontrar outro caminho. “Voltei um pouco às minhas origens, porque eu comecei com desenho, com tela, depois que eu fui pra mural. E isso, em um dado momento, foi muito bom”, relata.
Longos períodos de confinamento podem afetar a capacidade de criação das pessoas, segundo o neurocientista e professor da Universidade Federal de São Paulo, Álvaro Machado Dias. “Essa monotonia do ponto de vista sensorial, ela reduz aqueles inputs, o nosso repertório, para construções criativas”, explica.
Em alguns casos, o conjunto de experiências e conhecimento levam a novas ideias. Esse é um tipo de criatividade mais profunda, conforme explica o neurocientista. “Muitas vezes quando a gente tá falando desse tipo de criatividade, da pessoa que tá lá isolada, pensou alguma coisa e realmente saiu uma boa ideia, a gente tá falando desse tipo de coisa, que implica conhecimento profundo do assunto, da inteligência da pessoa e do acaso”, completa.
Para quem está em dificuldade em ter novas ideias durante isolamento, vale buscar convívio mesmo que seja on-line, com outras pessoas. E manter a mente sempre em exercício: lendo, estudando e buscando mais conhecimento.