Estudo aponta que vulnerabilidade ambiental eleva surto de zoonoses
Publicado em 30/06/2022 - 12:13 Por Gabriel Corrêa - Repórter da Rádio Nacional - Maranhão/ São Luís
O estudo liderado pelo Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, da Fiocruz, aponta que o aumento recente de vulnerabilidade ambiental e social pode acelerar um próximo surto de zoonoses no país.
A pesquisa aponta que apenas oito estados brasileiros têm baixo risco para surto de doenças transmitidas por animais. Os estados amazônicos são considerados de médio a alto grau. Isso por causa da diversidade de espécies naturais. Mas a pesquisa aponta que, atualmente, há uma sobreposição dessas regiões com as áreas de maior desmatamento.
Dois exemplos são os casos de malária e leishmaniose, diretamente relacionadas a essas áreas. Já hantavírus e a febre amarela estão ligadas a atividades agrícolas em locais desmatados há pouco tempo.
Dentro da Amazônia legal, o Maranhão tem 34% do território coberto por floresta e também é considerado de alto risco. Já o Ceará, onde o principal bioma é a Caatinga, tem baixo risco. Os outros sete estados com baixo risco para zoonoses são Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul.
Outra característica comum entre todos os oito estados com baixo risco é a rede de acesso ao sistema de saúde e ao tratamento para infectados. Segundo os pesquisadores, se o paciente não consegue médico em um município, pode ter acesso ao sistema de saúde de outra cidade mais rápido.
A caça, que é uma atividade ilegal no país, exceto para subsistência, também tem contribuído para o risco. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o mercado de carne de caça na Amazônia Central é de aproximadamente 35 milhões de dólares por ano e a carne de mamíferos é a mais consumida.
O estudo da Fiocruz reuniu dados das duas últimas décadas e se baseou no protocolo europeu, que considera o risco à exposição e estruturas de enfrentamento a situações de risco.