Onze trabalhadores foram resgatados de condições semelhantes a escravidão no município de Patos do Piauí, que fica a 400 km da capital do estado. A ação foi conduzida por auditores-fiscais da Superintendência Regional do Trabalho.
As vítimas estariam trabalhavam há cerca de três semanas na extração do pó de carnaúba, com o qual se pode fazer a valiosa cera de carnaúba. Esse material é usado em produtos de beleza, cápsulas de medicamentos, polimento de carros e móveis, além de embalagens biodegradáveis que substituem o plástico.
De acordo com os fiscais, os trabalhadores não tinham equipamentos de proteção individual, nem carteira assinada e não passaram por exame de saúde admissional. Eles dormiam em redes amarradas nas árvores, comiam no chão e não tinham acesso a banheiros nem a materiais de primeiros socorros. A água bebida era retirada de um poço no local.
O empregador foi identificado e deverá pagar as verbas rescisórias aos trabalhadores.
Os fiscais constataram que cada trabalhador ganhava cerca de R$ 50 para cada mil quilos de pó de carnaúba extraído. De acordo com dados do IBGE, a tonelada desse produto alcança em média um valor 230 vezes maior quando é vendido no mercado.
Este ano, 63 pessoas foram resgatadas de situação análoga à escravidão somente no Piauí. No mês passado, 39 trabalhadores foram encontrados em fazendas de carnaúba e em pedreiras em seis municípios do estado.
O Piauí é o maior produtor nacional de pó de carnaúba, tendo movimentado R$ 133 milhões de reais em 2020, mais da metade da produção brasileira.