Fórum mundial discute liberdade de expressão pós Charlie

Publicado em 23/03/2015 - 18:43 Por Ana Cristina Campos - Tunísia

Cartunistas, jornalistas e participantes da 4ª edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML), na Universidade El Manar, em Túnis, capital da Tunísia, debateram nesta segunda-feira (23) a liberdade de expressão.

 

O mote foi o atentado de janeiro ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, quando ocorreram 12 mortes, quatro delas de cartunistas.

 

Na opinião do chargista brasileiro Carlos Latuff, o ataque ao Charlie Hebdo, motivado pelas charges do profeta Maomé não tem como pano de fundo a liberdade de expressão, mas sim o fato de o semanário francês e outros veículos na Europa incentivarem a discriminação crescente contra o islamismo no continente.

 

Sonora: “Precisamos entender a que servem essas charges no momento em que muçulmanos e imigrantes na Europa são perseguidos. Essa discussão do contexto histórico e geopolítico não foi feita pela imprensa e pelos cartunistas.”

 

Para Latuff, os cartunistas devem ter bom senso e responsabilidade em seus trabalhos.

 

Sonora: “Eu não apoio a censura, mas entendo que é preciso saber a quem ou a que o trabalho está servindo. Não é questão de limite, mas de bom senso, de responsabilidade por aquilo que se faz. Quando se fazem charges ofendendo e agredindo muçulmanos, qual o objetivo, dentro de uma lógica de islamofobia na Europa em que os muçulmanos são perseguidos?

 

O jornalista do jornal satírico francês Ravi, Sébastien Boistel, destacou que não se devem colocar limites arbitrários à liberdade de expressão. Segundo ele, o que incomodou com as caricaturas publicadas pelo Charlie Hebdo não foi propriamente o conteúdo, mas onde ele foi publicado, o fato de retransmitir a opinião de jornais de direita.

 

O jornalista francês diz ainda que a liberdade de expressão é um direito fundamental na França, mas as pessoas podem recorrer aos tribunais se se sentirem ofendidas com alguma publicação. Ele lembra que o Charlie Hebdo já foi processado diversas vezes.

 

No Fórum Mundial de Mídia Livre, que começou nesse domingo (22), comunicadores, blogueiros e representantes de movimentos sociais de diversos países, discutem a liberdade de expressão e o direito à comunicação.

 

Para o brasileiro Carlos Latuff, é urgente criar uma outra alternativa de comunicação no Brasil.

 

Sonora: “Quando se tem uma mídia mais plural, tem-se o contraponto. É muito comum ver uma emissora de rádio ou de TV que não abre para o contraditório. Sinto muita falta de debates no Brasil, por exemplo. Isso tem a ver [com o fato] de as empresas de comunicação estarem nas mãos de famílias que têm seus próprios interesses.”

 

O Fórum Mundial de Mídia Livre é um evento paralelo ao Fórum Social Mundial, que começa em Túnis, nesta terça-feira (24) e segue até o próximo sábado (28).

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