80% dos países da África já têm mortes por coronavírus

Pandemia

Publicado em 08/05/2020 - 17:55 Por Carol Barreto - Rio de Janeiro

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, muito se tem falado das mortes e do alto contágio em países da Europa e nos Estados Unidos. Pouco se fala, no entanto, na situação de um continente inteiro, que é a África, onde a pandemia tem avançado no último mês, já tendo sido registradas mortes por Covid-19 em 80% dos países. A pesquisadora queniana Monicah Gachuki afirma que a situação do continente é preocupante nesses tempos de pandemia.


“No continente africano nós já enfrentamos problemas de doenças infectocontagiosas, de pobreza e insegurança. E agora a pandemia também vem para desorganizar, para afetar a economia e o setor social africanos. Eu acho que o continente não estava preparado para enfrentar a situação, assim como outros continentes, mas nós já enfrentamos outras epidemias infectocontagiosas no passado”.


Monicah mostra preocupação com a situação econômica dos mais vulneráveis socialmente.


“Isso não quer dizer que sejamos capazes, de imediato, de resolver a pandemia atual. O que mais nos preocupa é a piora das condições de vida. Como as pessoas que trabalham para comer vão ficar agora, em contexto em que não podem sair à rua para trabalhar?”


Monicah comenta as dificuldades do sistema de saúde pública para atender a população.


“Se essas pessoas ficam doentes e se dirigem a um hospital público, os hospitais não estão em condição de cuidar das pessoas como deveria. Estou consciente de que o lockdown foi utilizado com sucesso em outros países, mas no caso do Quênia, se for o caso de decretar, não sabemos como vai ficar”.


Enfermeira da Guiné-Bissau que não quis se identificar comenta o aumento do número de infectados no país.


“O número de infectados está a aumentar. Estou no Ministério da Saúde, e aqui mesmo aparecem muitos infectados. Tenho conhecimento de seis pessoas, inclusive nosso ministro e o secretário de Gestão Hospitalar. E ainda há muitos testes ainda sem resultado”.


Ela afirma que a chegada do vírus a membros do governo fez com que o tratamento aos infectados se modificasse.


“O governo não tinha tomado medidas de confinamento. Cada um ficava em casa e evitava contato com pessoas da mesma casa. Depois que os membros do governo começaram a pegar o vírus, já disponibilizaram um hotel, e também para médicos infectados”.


Ela afirma que o país está em quarentena.


“Aqui praticamente toda a gente está em quarentena, salvo o nosso Ministério da Saúde e outros que precisam trabalhar”.


Segundo dados da OMS, Organização Mundial de Saúde, no dia 1º de abril, 21 dos 54 países africanos, o equivalente a 38% do continente, tinha mortes pelo novo coronavírus. Um mês depois essa quantidade aumentou para 43 países, o que equivale a quase 80% dos países do continente.


As mortes por Covid-19 aumentaram mais de oito vezes no período analisado pela reportagem: de 185 no dia 1º de abril para 1.636 em 1º de maio. Sete países da África já têm mais de mil casos da doença. Apenas 11 países africanos não tinham mortes reportadas à OMS e só o Lesoto não havia registrado nenhum caso de Covid-19 até o dia 1º de maio.


Também faltam médicos no continente: são cerca de 2 mil profissionais treinados para usar equipamentos de UTI em todo o território. O país africano com mais mortes é a Argélia, onde, até 1º de maio, 450 haviam morrido de Covid-19. Depois vem o Egito, com 392.

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