Ministro da Saúde boliviano é preso por suspeita de superfaturamento na compra de respiradores
Compra de respiradores
Publicado em 21/05/2020 - 15:59 Por Marieta Cazarré - Montevidéu
Marcelo Navajas, ministro da Saúde da Bolívia, foi preso nessa quarta-feira e afastado do cargo por envolvimento em um suposto esquema de superfaturamento na compra de 170 respiradores de uma empresa espanhola, adquiridos para o tratamento do novo coronavírus.
Navajas foi detido e prestou depoimento nas dependências da Força Especial de Luta contra o Crime, a polícia especializada boliviana, em La Paz. Outros quatro servidores da pasta também foram detidos e afastados dos cargos.
Os respiradores teriam sido comprados por um valor três vezes maior do que o normal, em compra financiada pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. O estado boliviano pagou US$ 4,7 milhões (cerca de R$ 26,5 milhões) a uma empresa intermediária pelos ventiladores que, segundo o fabricante, custaram US$ 1,4 milhão, em torno de R$ 8 milhões. Além de superfaturados, os equipamentos não atendiam os requisitos solicitados.
A vice-ministra de Saúde e Promoção, Eidy Roca, assumiu interinamente o ministério.
Álvaro Coimbra, ministro da Justiça, informou que todas as pessoas envolvidas no processo de aquisição dos equipamentos serão investigadas.
Segundo Coimbra, o Ministério da Saúde era a unidade solicitante dos respiradores e a Aisem, Agência de Infraestrutura de Saúde e Equipamento Médico, era unidade executora responsável pelo processo de contratação, e que deveria ter observando os preços de referência.
Antes da assinatura do contrato para a compra de 170 respiradores, o diretor da Aisem, Giovanni Pacheco, recebeu um relatório técnico que avisava que os equipamentos não atendiam às especificações técnicas recomendadas pela Organização Pan Americana da Saúde, nem pela Organização Mundial da Saúde. Apesar do aviso, os equipamentos foram comprados, supostamente com a autorização do ministro da Saúde, Marcelo Navajas.
Em nota, o Banco Interamericano de Desenvolvimento pediu sanções públicas contra empresas e indivíduos que praticam crimes em licitações financiadas pelo banco, e responsabilizou o governo boliviano pela compra.
A Bolívia, com uma população 11,3 milhões de habitantes, tem cerca de 5 mil casos confirmados e quase 200 mortes até o momento.