Acnur faz conferência para mostrar casos de refugiados que foram obrigados a sair da terra natal

Refugiados

Publicado em 18/06/2020 - 17:13 Por Marieta Cazarré - Montevidéu

O número de pessoas forçadas a se deslocar segue crescendo ano a ano, no mundo. Em 2019, 79,5 milhões de pessoas estavam deslocadas por guerras, conflitos e perseguições. Esse número é o maior já verificado pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Mais de 1% da população mundial, uma em cada 97 pessoas está, neste momento, em deslocamento forçoso.

 

A Acnur divulgou, nesta quinta-feira (18), em uma conferência virtual, o relatório Tendências Globais, que traz informações sobre a situação dos deslocados e refugiados em todo o mundo, anualmente.

 

No final de 2018, eram 70,8 milhões de pessoas em deslocamento forçado. O crescente aumento nos números, segundo o documento, tem dois principais fatores. Os novos deslocamentos que ocorreram em 2019 na República Democrática do Congo, na região do Sahel, no Iêmen e na Síria, e a situação dos venezuelanos - que são mais de 3 milhões e meio de deslocados para outros países.

 

O conflito na Síria entrou em seu décimo ano e contabiliza 13,2 milhões pessoas refugiadas, solicitantes da condição de refugiado e pessoas deslocadas internamente, totalizando um sexto dos deslocados no mundo.

 

Nos últimos dez anos, pelo menos 100 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas em busca de refúgio em outras cidades e países. Em geral, 73% dos refugiados e deslocados são acolhidos em países vizinhos aos seus.

 

No ano passado, mais de 2 milhões de pessoas apresentaram solicitações de asilo. Os Estados Unidos foram o país que mais recebeu pedidos (301 mil), seguido de Peru (259.800), Alemanha (142.500), França (123.900) e Espanha (118.300).

 

Ainda em 2019, mais de 5,5 milhões de pessoas conseguiram retornar a suas zonas ou países de origem, sendo 5,3 milhões de deslocados internos e 317 mil refugiados.

 

Dois terços de todos os refugiados e venezuelanos deslocados ao exterior (68%) eram provenientes de apenas 5 países: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Myanmar.

 

O secretário adjunto da Acnur no Brasil, Federico Martinez, ressaltou que, apenas em 2019, estima-se que 11 milhões de pessoas foram deslocadas pela primeira vez. Dessas, 2,4 milhões foram para outros países e 8 milhões e seiscentas mil se deslocaram internamente. Ele lembrou também que, entre os quase 80 milhões de deslocados forçadamente, cerca de 32 milhões são menores de idade, o que equivale a aproximadamente 40% de todos os deslocados no mundo.

 

Durante a conferência, a refugiada venezuelana no Brasil, Yilmary de Perdomo, contou sua trajetória de vida, a chegada no Brasil em 2016 e sua luta para conquistar um espaço no mercado de trabalho em São Paulo.

 

Terapeuta ocupacional na Venezuela, Yilmary se reinventou e, pouco a pouco, conseguiu montar um negócio gastronômico chamado "Tentaciones da Venezuela". Em um depoimento emocionado, Yilmary afirmou que sente orgulho de ser refugiada e representar muitas pessoas que, como ela, "são guerreiras e recomeçaram a vida do zero".

 

Em um primeiro momento, sem conseguir emprego, Yilmary começou a fazer bolos para vender na rua. Pouco a pouco as encomendas foram aumentando e, com o apoio da Acnur e de ong's, ela conseguiu estruturar o negócio e se colocar no mercado.

 

De acordo com o relatório da Acnur, é muito difícil prever o cenário, em números de deslocados, para a próxima década. As mudanças climáticas e os desastres naturais podem agravar as ameaças que obrigam as pessoas a fugirem de seus países. Conflitos, fome, pobreza e perseguição são algumas das razões do crescente deslocamento de milhões de pessoas todos os anos.

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