Hidrelétrica de Xingó pode aumentar vazão para conter petróleo no São Francisco
Rio São Francisco
Publicado em 11/10/2019 - 20:17 Por Victor Ribeiro - Brasília
A ANA, Agência Nacional de Águas, autorizou nesta sexta-feira o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco a aumentar a vazão da Hidrelétrica de Xingó de 800 metros cúbicos por segundo para 1.300 metros cúbicos por segundo. A ideia é manter a mancha de petróleo longe da bacia do rio, que abriga mais de 500 municípios.
A diretora-presidente da ANA, Christianne Dias, explicou que a medida é preventiva e não será adotada imediatamente.
“Essa medida será acionada em caso necessário. Já saímos daqui com uma autorização de todos os usuários, estados e o governo federal no sentido de que poderemos aumentar a vazão para evitar que o óleo entre na foz do Rio São Francisco”.
A agência reguladora descartou qualquer risco de desequilíbrio, tanto ambiental quanto no abastecimento de água para a região. Se as comportas forem abertas, a água deve demorar cerca de 50 horas até sair do reservatório de Xingó e chegar à foz do rio, que tem um 1,5 quilômetro de extensão.
O óleo chegou nesta sexta ao litoral da Bahia e atingiu a capital, Salvador. De acordo com o Ibama, a mancha já afeta 150 praias, em todos os estados do Nordeste. O inquérito instaurado pela Marinha no fim de setembro para apurar os responsáveis pelo vazamento é sigiloso, e tem 60 dias para ser concluído. O que se sabe até agora é que os comandantes de 30 navios, de 10 nacionalidades, devem prestar esclarecimentos.
O comandante do 7º Distrito Naval, Wladmilson Borges de Aguiar, destacou a dificuldade para conter o óleo, que desde agosto se espalha pelo litoral do Nordeste.
“Isso tem sido uma atividade muito difícil de ser executada, porque a maioria do óleo não vem na superfície, vem na coluna d’água. Ele só aparece nas proximidades da praia. É quando a gente efetivamente consegue identificar ele. Como se fossem coágulos de petróleo”.
Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia analisaram 27 amostras de resíduos do petróleo e concluíram que o material provavelmente foi extraído na Venezuela. Em nota, o governo de Nicolás Maduro nega relação com a poluição. Diz não haver evidências de derramamentos nos campos do país, além de não ter recebido nenhum aviso de clientes ou subsidiárias sobre vazamentos.