Brumadinho: audiência entre Vale e governo de Minas termina sem acordo
Publicado em 22/10/2020 - 22:05 Por Renata Martins - Brasília
Terminou sem acordo a audiência de conciliação entre a mineradora Vale e o governo de Minas Gerais para reparação e compensação por danos causados pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.
O governo mineiro pede R$ 26 bilhões por danos econômicos, como a queda de arrecadação. Outros R$ 28 bilhões são reivindicados por danos morais coletivos e sociais.
Segundo a Vale, houve progresso nas conversas entre as partes, mas a empresa não deu detalhes sobre o valor que pretende desembolsar para reparar o estado.
A reunião realizada nesta quinta-feira (22) ocorreu na sede do Tribunal de Justiça, em Belo Horizonte, com a presença também do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública de Minas Gerais, mas sem a participação dos representantes das vítimas do rompimento da barragem.
A exclusão foi motivo de protesto. Cerca de 150 pessoas se reuniram na sede administrativa da empresa em Brumadinho. O ato foi organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O Ministério Público Federal (MPF) se negou a participar da reunião.
A procuradora federal Flávia Tavares Torres afirma que o receio do MPF é que um eventual acordo a portas fechadas contemple ações de reparação social a serem definidas pelo estado que não atendam as expectativas dos atingidos.
A próxima reunião está agendada para dia 17 de novembro, e desta vez prevê a participação de representantes das vítimas.
Apesar de não haver acordo sobre a indenização ao estado, o pagamento emergencial feito pela Vale aos atingidos será efetivado em novembro, sem alteração nos critérios acertados.
Em nota, o MAB afirmou que não fará concessão quanto aos direitos já conquistados, como a redução dos valores até o fim do pagamento do auxílio financeiro proposta pela mineradora.
A Vale afirmou que o repasse de até um salário mínimo é concedido a mais de 106 mil pessoas de Brumadinho e dos municípios da calha do rio Paraopeba. A empresa apresentou proposta sobre a segunda renovação, que está em análise pela Justiça.
No próximo domingo, a tragédia completa um ano e nove meses. 270 pessoas morreram. Os corpos de 11 delas ainda não foram encontrados.